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Papa argentino é outra coisa: sabe onde vão parar os golpes

O novo bispo de Diamantina

O Papa Francisco mostrou que é rápido com o Báculo de São Pedro e deu de imediato uma arrumada no rebanho, com a transferência de D. Darci José Nicioli da função de bispo-auxiliar de Aparecida do Norte para a de bispo de Diamantina, em Minas Gerais, sua terra.

Não foi uma punição, mas uma sinalização e o próprio D. Darci deve ter percebido que passou do tom.

D. Darci tem todo o direito de apoiar ou criticar este ou qualquer governo.

Mas não está a altura da Igreja moderna insuflar os fiéis a algo que possa ser entendido como ato de violência, muito menos invocando passagens bíblicas para sustentar o que diz.

O bispo errou ao  estimular, do púlpito, os fiéis “a pisar sobre a cabeça de todas as víboras e de todos aqueles que se autodenominam jararaca”

Isto é coisa para os Marcos Felicianos, que pregam o ódio e a intolerância como marketing.

Seria o mesmo se um padre de esquerda sugerisse aos fiéis pegarem o chicote contra os vendilhões do templo que querem entregar o petróleo brasileiro.

Claro que não pretendo ensinar padre a rezar missa, mas tenho todo o direito de aplaudir o gesto papal pela serenidade de ânimos. Afinal, convivi com muitos religiosos, bispos até, e sempre fui respeitado em minhas convicções, porque gente tolerante e humana.

Francisco é argentino e sabe muito bem o que acontece nas rupturas democráticas.

Morrem pessoas, destrói-se o convívio, excomunga-se a paz.

Resistir politicamente, ocupar as ruas, protestar não é apenas um direito, é um dever de cidadania.

Mas fazer provocação, insuflar a violência, mandar pisar e esmagar… até eu que não creio sei que só pode ser um plano infernal.

Francisco vai se tornando um papa, pelo que fala e pelo que faz, digno de admiração de todos, católicos ou não.

Aliás, mais que de admiração. Neste aspecto da conjugação da firmeza com a serenidade tem sido um grande exemplo

Fernando Brito

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