De acordo com excelente artigo de autoria do sociólogo Jessé de Souza, que tem como título: O que significa Bolsonaro no poder, veiculado no site Instituto Humanistas Unisinos.
Faz uma precisa análise que desnuda o perfil grotesco do então presidente, em exercício, Jair Bolsonaro.
Dentre os diversos aspectos abordados, ele afirma que a eleição do presidente foi reflexo de protesto da população brasileira. Financiado e produzido pela elite colonizada e sua imprensa venal.
Observa ainda, que a única classe social que entra no jogo sabendo o que quer é a elite de proprietários. Quanto a tão propalada reforma da previdência, diz ser uma máscara desta compulsão à repetição.
E que a atuação da classe média real, em todo este jogo bizarro entrou em peso, como sempre, contra os pobres para mantê-los servis, humilhados e sem chances de concorrer aos privilégios educacionais de que desfruta.
O papel do Sérgio Moro é analisado como o elemento que incorpora esta farsa canalha. Sendo a “corrupção política”, considerada como a única legitimação da elite brasileira para manipular a sociedade e tornar o Estado seu banco particular.
A eleição, ganha e Bolsonaro, resulta em brigas intestinas entre interesses muito contraditórios unidos conjunturalmente na guerra contra os pobres e seus representantes.
Para Jessé, Bolsonaro é um representante típico da baixa classe média raivosa, cuja face militarizada é a milícia, que teme a proletarização e, portanto, constrói distinções morais contra os pobres tornados “delinquentes” (supostos bandidos, prostitutas, homossexuais, etc.) e seus representantes, os “comunistas”, para legitimar seu ódio e fabricar uma distância segura em relação a eles.”
Garantindo que todo o seu anticomunismo radical e seu anti-intelectualismo significam a sua ambivalente identificação com o opressor, um mecanismo de defesa e uma fantasia que o livra de ser assimilado à classe dos oprimidos.
Também não poupa críticas a figura do execrável Olavo de Carvalho ao considera-lo como o profeta que deu um sentido e uma orientação a essa turma de desvalidos de espírito.
Quanto a questão da corrupção política, considera como uma, forma, até então, que manipulava e manipula a falsa moralidade da classe média real.
E questiona, para quem Bolsonaro fala quando diz suas maluquices e suas agressões grosseiras? “Fala, antes de tudo, para a baixa classe média iletrada dos setores mais conservadores”.
E que o anti-intelectualismo também é apontado pelo articulista se dá em casa na baixa classe média. Para Jessé, quando Bolsonaro ataca, por exemplo, as universidades e o conhecimento.
Dá a entender que a relação da baixa classe média com o conhecimento é ambivalente pelo fato da mesma invejar e odiar, de forma compulsiva, o conhecimento que não possui, daí decorre o ódio aos intelectuais, à universidade, à sociologia ou à filosofia.
“Este é público verdadeiramente cativo de Bolsonaro e sua pregação”.
No tocante a escolha de Sérgio Moro, garante ser ele, uma espécie de ponte para cima com a classe média tradicional que também odeia os pobres, inveja os ricos e se imagina moralmente perfeita porque se escandaliza com a corrupção seletiva dos tolos.
Mas garante que apesar de socialmente conservadora, ela não se identifica com a moralidade rígida nos costumes dos bolsonaristas de raiz, que estão mais perto dos pobres.
Já o Paulo Guedes é visto, por sua vez, como um lacaio dos ricos que fica com o quinhão destinado a todos aqueles que sujam as mãos de sangue para aumentar a riqueza dos já poderosos.
Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)