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Renan Antunes, um dos mais brilhantes repórteres brasileiros

Renan lança seu livro na Quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Renan era um contador de histórias como poucos no jornalismo brasileiro atual. Não é à toa a inveja profunda que despertou em seus pares ao receber o prêmio Esso: foi vaiado pelos próprios colegas.

A matéria em questão era A Tragédia de Felipe Klein, um relato sobre a trágica e curta vida do filho caçula de Odacir Klein, ex-ministro dos Transportes de Fernando Henrique Cardoso.

Felipe se jogara do prédio onde vivia com o pai. A figura do rapaz, todo tatuado e cheio de piercings atiçara o faro do repórter Renan, que contou a história com todo o brilhantismo que marcou sua carreira, encerrada de forma abrupta com sua morte, aos 70 anos, em Florianópolis, vitimado por uma parada cardíaca, meses após se submeter a um transplante de rim.

O texto bem trabalhado, requintado, com estilo, virou uma raridade nas páginas da chamada “grande” imprensa, onde viceja o banal e, volta e meia, aparecem até mesmo erros primários de ortografia.

Renan ainda por cima sempre foi um rebelde, daqueles que rapidamente ganham a fama de “brigão”, eufemismo para os jornalistas que não bajulam os chefes e por isso tem chances diminutas de subir na hierarquia da mídia comercial.

O livro que lançou em dezembro passado, como se estivesse prevendo que iria durar pouco entre nós, deveria entrar para a bibliografia obrigatória de todas as faculdades de jornalismo do país.

Reportagens em Carne Viva com Calda de Chocolate, à venda na Amazon, reúne o que Renan fez de melhor segundo ele mesmo, inclusive a reportagem que lhe valeu, com todo merecimento, o Esso.

Do relato sobre o homem que assou na churrasqueira o corpo da mulher que assassinou (e foi absolvido) à do empresário acusado injustamente por tráfico que lutou 25 anos para provar sua inocência; do perfil do morador de rua que dormia na calçada em frente ao jornal à entrevista com a ex-primeira-dama do prefeito de São Paulo; do reitor que se suicidou por não aguentar a perseguição política da Lava-Jato ao milionário triplex da família Marinho em Paraty, Renan escolhia seus temas e personagens onde enxergava que tinha uma história para contar e nenhum outro jornalista do país havia sido capaz de fazê-lo.

Sua maior dica para os repórteres, que expõe no último capítulo, é essa: “Um tema do qual posso falar e gosto muito é o das pautas não realizadas. Eu procuro pelas pautas como Bocelli pela música. Trabalho para comer, movido pela velha máxima nule dia sine linea: nulo é o dia em que não se escreve uma linha. Sem linhas, sem bufunfa”, disse ao Portal da Imprensa em 2014.

Contou sobre sua atração pelos invisíveis, cujas histórias não costumam render mais do que rodapés nas páginas dos jornais. “Caço injustiças.”

Renan era enorme. E tinha um coração enorme. Sintomático que em tempos tão sinistros ele tenha deixado de bater, para tristeza de tantos que o amavam, como sua querida caçulinha Angelina, a mulher Blanca, sua mãe, filhos, netos, leitores, amigos… Todos órfãos agora da figura divertidíssima que foi.

A introdução ao livro, que reproduzo abaixo, na íntegra, é um misto de autobiografia e síntese sobre o que é ser um jornalista honesto num país de canalhas.

por Cynara Menezes

OBS: o jornalista Renan Antunes de Oliveira morreu  no mês de abril, em uma manhã de domingo (19) de 12020,  em sua casa no Rio Vermelho, em Florianópolis.

Em carne viva, sem calda de chocolate. Leiam o livro.

Este Cara Sou Eu/Por Renan Antunes de Oliveira

Este livro não pretende ensinar coisa alguma às novas gerações de jornalistas. Mais: é quase um roteiro de como fracassar.

Medindo pelo lado da grana: nas duas últimas décadas estive isento do Leão.

Na rota para o fracasso, globalizei legal: rolei boa parte do mundo por quase 20 anos.

Comecei nos Diários Associados do Rio Grande do Sul, em 1976. De cara pulei no Atlântico para descobrir se a causa do desastre ambiental daquela hora fora um navio uruguaio naufragado com uma carga de fertilizantes –não, não foi culpa dos uruguaios.

Fui de Tonga ao Alaska, de Berlim a Hong Kong, da reserva Raposa Serra do Sol a Londres. Estive em lugares tão altos quanto o Tibet, tão complicados como o Afeganistão, tão calmos quanto o santuário catarinense da Madre Paulina.

Sempre procurando histórias para contar, fui repórter nos sonolentos hutongs de Pequim, no meio de tiroteios no Complexo do Alemão, na calçada da boate Kiss.

Andei engravatado em Wall Street e esfarrapado na Casbah de Argel.

Busquei personagens no Bronx e na cidadezinha paranaense de Mariluz, em Bagdá, Tegucigalpa e Sarajevo, no Timor, Tailândia, Paris e em La Realidad, vilarejo mexicano esconderijo do subcomandante Marcos.

Estive em mesquitas da Arábia, sinagogas americanas, monastérios tibetanos e catedrais de Roma: se Deus existisse, eu teria tentado entrevistá-lo.

Entrevistei mais foi gente comum. E uma penca de assassinos, traficantes, policiais bandidos, juízes corruptos, promotores do bem e do mal, advogados ladinos, cafetinas, padres tarados, vereadores, prefeitos, deputados, senadores, michês, modelos, pintores, escritores, jogadores de futebol, de basquete, de vôlei, de sinuca, vítimas de crimes, médiuns, bispos, aiatolás persas, talebans, militantes clandestinos do Hamas. Lula, FHC, Sarney, Maluf, ACM, Collor, Brizola e a deputada Manuela –eu já no finzinho de carreira.

Cobri o Congresso Constituinte e as campanhas de Rudolph Giuliani, Clinton e Bush. Fiz reportagens no Palácio do Planalto, na cadeia de Tangerang, na cova do Pablo Escobar, na Casa Branca, em Havana e no Grande Evento Internacional de Santa Isabel do Ivaí, no Oeste paranaense.

Como a ordem universal ainda não está pronta, eu poderia estar, como estive, numa semana procurando a Gisele Bundchen por Nova York, noutra por uma palestina perdida na Jordânia, alternando as buscas com boletins da bolsa: tanta reviravolta faz um não-repórter pensar que Ele tem. Nós, às vezes, é que não entendemos nada.

No mundão, vi muito sangue. Mortos a facadas, tiros, bombas, de fome. Vi vítimas de estupro, crianças violentadas, sodomizadas, abusadas e doentes de muitos males.

Nunca derrubei uma lágrima sequer.

Curioso com o magno evento que rolou em Santa Isabel do Ivaí, né? Foi a maior epidemia de toxoplasmose do mundo. Um gato doente fez xixi no reservatório de água da cidade, contaminando quase 600 pessoas… Passei três dias num calorão senegalesco, até encontrar o felino.

Nas andanças, também tive minha cota de amenidades. Fui a cassinos em Monte Carlo, Vegas, Atlantic City e Rivera, boates do Soho, discotecas londrinas e teatrinhos do West End. Comi em bons restaurantes, dormi em hotéis de luxo, festiei com celebridades. Rolei por alguns dos lugares mais civilizados e caros do planeta –Paris, Munique, Harvard, Oxford Street, 5ª Avenida, Portobelo Road, Rodeo Drive, Roma, Beverly Hills, Bali, Acapulco e Pasadena– achei uns mais chatos do que outros.

Tudo isto mesmo trabalhando por baixos salários. Fui explorado por muitos patrões e várias vezes tomei calote. Já escrevi por prazer, por necessidade, por causas, por crenças e por vaidade. Algumas vezes fui forçado a usar pseudônimos, para me proteger de patrões que não gostavam que eu fosse sindicalista do campo da CUT.

Fui explorado por muitos patrões e várias vezes tomei calote. Já escrevi por prazer, por necessidade, por causas, crenças e vaidade. Fui forçado a usar pseudônimos, para me proteger de patrões que não gostavam que eu fosse sindicalista do campo da CUT

Escrevendo, fui processado em cinco Estados, preso em quatro países e expulso de dois: desagradei políticos, diplomatas, burocratas, padres, índios, policiais, juízes, amigos, muitos colegas, editores, patrões e até minha mãe.

Chefiei centenas de repórteres e só demiti dois. Fui chefiado por dúzias de burocratas, quase todos se achando melhores do que eu em caráter e talento. Rolei por grandes redações sem nunca cuspir para baixo. Bati de frente com os donos de quatro, Abril, Estadão, RBS e Editora Três.

Aprendi o óbvio: ninguém sobrevive a um tétiatéti com o patrão. É você ou ele.

Perdi todos os confrontos.

O Civita (da Abril) foi fino. Disse que deveríamos conversar mais, mas aí mandou dois jagunços me atacarem na portaria, tirar meu crachá e impedir minha entrada na revista Veja para sempre, fim do diálogo oferecido.

O Mesquita (do Estadão) encerrou o papo me mandando procurar meus direitos –direitos estes que renderam a casa onde moro, minha única possessão terrena.

O Sirotsky (RBS/Globo-RS) que me tocou enfrentar estava perfumado e engravatado no momento em que, delicadamente, pediu licença para passar sobre mim – eu estava deitado na portaria do jornal dele, impedindo a passagem de grevistas.

O velho Alzugaray (Istoé) ficou furioso porque eu ultrapassei a secretária e cobrei dele dois anos de frilas atrasados –mandou pagar, acho que lhe custei alguns sacos da ração de seus cavalos de raça.

Tive jornais, fali duas vezes. Um arrependimento: recusar um convite para ser um chefete dentro da TV Globo. Preferi ficar na Gazeta do Povo, fiel à máxima da mamãe “melhor ser cabeça de sardinha do que rabo de baleia”.

Fui sindicalista à esquerda da esquerda e liderei greves em três Estados. Em Brasília no início do governo Sarney; na Abril, na Era Collor, em Sampa e na RBS de SC, em 1987 –sempre eleito pelas bases da katigoria.

Já escrevi também movido pela mais sincera convicção política. Participei e “perdi” campanhas políticas. Uma pro MDB das antigas ao governo de SC, outra pro PT das vacas magras, pra prefeitura de Floripa, uma pra prefeitura de Palegre pro PSOL.

Nas duas primeiras trabalhei de graça –na visão renânica, todo jornalista marqueteiro é um michê.

Também trabalhei em duas campanhas para marqueteiros que tinham políticos fregueses na Amazônia e no Mato Grosso do Sul, mas abandonei antes de me enlamear todo –o último candidato era um brizolista que virou bolsonarista, aí num guentei e chutei a barraca. No PSOL gaúcho fui considerado um dinossauro desajeitado. Tive que largar a campanha. Minha saída foi elegante, nem bati com o rabo na cristaleira.

Escrevi para Jornal Já, Estadão, Diarinho de Itajaí, Folha, Globo, JB, Istoé, Veja, Jornal de Brasília, Gazeta do Povo (PR), Diário Catarinense (SC), Correio do Povo (RS), Coojornal, Brio Stories, Agência Pública, DCM, Versus e uma penca de jornais alternativos –inclusive uma para o agora poderoso Intercept, texto que um editor cagou todo, prática que a gente só espera dos jornalões.

Em rádio fiz BBC, Rádio Internacional da China, Farroupilha, SBS da Austrália. Em televisão fiz produções para Globo, Band, Cultura, Gazeta e BBC.

Quando não servia mais para jogar em time grande, recuei para o nanico Já –onde ganhei o Prêmio Esso de Reportagem, em 2004. Tive que sair do Já quando o dono me disse “desde que tu ganhou, só tive prejuízo”.

Fui pros States, onde escrevi para o Arkansas Times, mas desta vez o preju foi meu: ficaram me devendo 300 dólares e um prêmio que ganhei por ter sido eleito repórter do ano de 2006, da Arkansas Press Association.

Dei muitas palestras em universidades. Gostava. Mas, cada vez que entro em campo me sinto falando com zumbis. Para manter a audiência interessada mais e mais preciso pirotecnia… Na UFSC entrei mascarado. Tenho medo que um dia tenha que ir de biquíni.

Nas palestras dou dicas de como ser um repórter independente, crítico, marginal, alternativo, ético, combativo, do tipo que acredita na profissão e faria-tudo-de-novo. Não gosto de desanimar a meninada.

Cada vez que o papo termina eu tenho que me beliscar.

Eu tento explicar que não importam os avanços tecnológicos, os meios, o fim dos impressos: sempre haverá uma história para ser contada, sempre será preciso um repórter para contá-la.

Às vezes, fui duro demais com coleguinhas. Quando era mais novo acho que me excedia –e peço desculpas aqui a todos e todas, na pessoa de Pamela C. P., uma menina da UFSC que foi a última a ousar me desafiar. Ela recebeu toda força do látego dos meus argumentos e foi pra Sampa trabalhar na Abril.

O pedido de desculpas à menina me levou a repensar tudo e prometer que quando fizer 70 anos, no mês que vem, vou tentar me esforçar no quesito humildade.

Já tinha pensado nisso antes, na vez em que um patrão me convidou para almoçar. No papo, me disse que eu deveria ser mais humilde na redação dele –o almoço foi xumbrega, num restaurante do SESI.

Ele era professor de Ética no Jornalismo. Refleti sobre o aviso, mas só durante a sobremesa. Dias depois ele me chamou e me pediu para desmentir uma matéria que eu tinha feito. Pediu gravações e entregou o material para o MP para abafar um caso. Sobre a ética dele, nada mais tenho a dizer, mas me recusei a desmentir. Aí eu disse mais ou menos assim… “humildemente, peço que não me obrigue a mentir”. Ele entendeu o recado.

Fui humilde com um burocrata do Wall Street Journal que queria me contratar.

Este me levou pra almoçar nas Torres Gêmeas. Óbvio que foi antes do 11 de setembro. De tão simples que sou, fui de havaianas. No meio do almoço inverti o papo e convidei o cara para se juntar comigo numa coluna guerrilheira no Peru…ele quase engasgou com um fricassê de frango.

Não existia tal coluna, era só pra escandalizar o cara. E ainda sai falando mal do jornal dele, a Bíblia do capitalismo.

Quando decidi contar estas histórias tive que vencer um inimigo dentro de mim mesmo: o senso crítico. Decisão tomada, em junho de 2007, em Sampa, me ofereci pra Editora Contexto.

O plano era escrever este opúsculo-que-queria-ser-manual.

Meu objetivo era mostrar que existe vida sem patrão. Fui recebido na editora com frieza. A dona me fez uma vaga promessa: se eu fizesse um roteiro, e se este roteiro fosse aprovado, e se depois eu escrevesse o livro conforme o roteiro aprovado, e se obra fosse lida e aprovada, poderia dar samba. Murchei.

Dias depois, na Livraria Cultura, voltei a me entusiasmar. É que eu vi nas prateleiras a unanimidade burra: dúzias de livros escritos por coleguinhas.

Eram todos nobres cavaleiros, mestres da palavra, heróis de reportagens, príncipes da ética, campeões da liberdade de imprensa.

O único medíocre era eu, Renan Antunes de Oliveira.

Já notaram?

As bancas estão mesmo repletas de bons livros de repórteres com histórias bem contadas, grandes reportagens premiadas, perfil de gente bem mais moça do que eu e já tão vencedora.

Ou a experiência incensada de jornais como o Correio Braziliense, durante décadas um esgoto, subitamente transformado pelo toque mágico do Ricardo Noblat num exemplo para gerações, depois novamente esgoto.

E o perfil de uma penca de executivos de revistas da Abril incensados como gênios do jornalismo. E Pedro Bial escreve sobre o patrão Roberto Marinho. E Douglas Tavolaro sobre o patrão Edir Macedo. E eu? Neca!

De tanto ver tais triunfos, e envergonhado com minha atuação como repórter na TV Gazeta por aqueles dias, pedi demissão da Cásper Líbero. Meu plano era ir imediatamente para uma ilha deserta com um laptop para escrever este livro. Mas, antes, eu desci mais um degrau na minha carreira: fui dirigir uma redação na África, em Cabo Verde.

Me contrataram porque queriam fazer um jornal independente naqueles cafundós – gosto de pensar que deve ter sido a prova de que minha fama já era grande no Continente Negro.

Me atirei pra lá. Fui sugado pelos zumbis locais, tão famintos que estavam por informação. Enfrentei condições de trabalho um pouquinho adversas: dormi três semanas no chão do jornal, fiquei dias sem banho por falta d’água, viajei pelas montanhas num Renault 94 que tinha só um dos quatro parafusos do carburador, comi porco cru e galinha requentada, bebi água contaminada no mercado Sucupira.

Fichinha perto de coisas que eu vi nas redações brasileiras. Usando meus conhecimentos jornalísticos comandei a redação com uma garrafa de QBoa numa mão e uma idéia na cabeça: “Jornal não é só a soma das letrinhas e fotos”.

Todo dia mandava dona Zi trazer água da fonte da esquina para limpar os banheiros. Consertei os computadores, instalei software pirata neles. Faxinei a redação. Tudo sem prejuízo de treinar profissionais, redigir o projeto editorial e outras banalidades do tipo: dava tempo pra tudo porque o expediente ia das 7 às 21, sete dias por semana.

Briguei com o patrão quando ele quis ligar 12 computadores na mesma tomada –uma encrenca banal, se comparada ao pedido dele ao governo comunista de subsídio para o papel. É. O independente queria que o povão pagasse o papel.

Enfim, tomei mais um calote e um pé na bunda.

Voltei para casa com outro espinho na minha coroa de fracassos. Executivos de Wall Street e políticos japoneses se matam por muito menos.

Esta é minha obra. A mensagem do opúsculo é simples: não faça como eu fiz.

Eu estava contemplando o suicídio como saída –não me matar, mas sim escrever um livro sobre suicidas em parceria com Kenny Braga.

E foi então que realmente comecei a organizar esta coletânea. Pensei em atualizar cada matéria – mas aí eu teria que reescrever tudo. Não tinha bala na agulha, se é que me entendem.

Enfim, deixei este texto por 12 anos no HD. Agora, juntei uma penca de matérias que estavam numa caixa de cortiça que comprei no WallMart do Arkansas.

Esta é minha obra.

De onde tirei o título?

Angelina, minha filha de 11 anos, leu o copião e disse que só tinha desgraça, morte, assassinato, sangue. Parei pra pensar. Aí, meti algumas coisas menos dramáticas. Resultado: continua em carne viva, mas pelo menos com calda de chocolate.

– Gostei, pai.
– Obrigado, filha.

A mensagem do opúsculo é simples: não faça como eu fiz.

Renan Antunes

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