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Renúncia de cardeal chileno acusado de envolvimento em escândalo sexual é aceita pelo Papa

Cardeal Ricardo Ezzati foi denunciado por encobrir abusos sexuais — Foto: Alessandra Tarantino/AP

O papa Francisco aceitou a renúncia do arcebispo de Santiago do Chile, Ricardo Ezzati, suspeito de encobrir casos de abusos sexuais no seu país. Ezzati era uma das figuras religiosas mais reconhecidas no país latino-americano.

Segundo a agência EFE, a Santa Sé informou em comunicado, neste sábado (23), que o pontífice aceitou a renúncia apresentada pelo cardeal, sem dar mais detalhes.

Para o lugar de Ezzati, o papa Francisco nomeou como administrador apostólico, em “sede vacante”, o monsenhor Celestino Años Braco, que vinha atuando como bispo de Copiapó, cidade localizada no norte do Chile.

Os bispos devem apresentar as renúncias ao papa ao cumprirem 75 anos, mas, a saída do cardeal, que tem 77, aconteceu em meio a denúncias. Em julho do ano passado, promotores chilenos chamaram Ezzati de suspeito de encobrir abusos sexuais infantis cometidos por membros da Igreja Católica e o convocaram para depor. Ezzati alegou inocência.

“Estou certo de que nunca encobri ou obstruí a Justiça e cumprirei minhas responsabilidades como cidadão para fornecer todos os antecedentes necessários para chegar à verdade”, disse o então arcebispo.

Denúncias investigadas

De 1960 até agora, o Ministério Público chileno tomou conhecimento de ao menos 266 vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja católica chilena. Entre eles, 178 eram crianças ou adolescentes. Atualmente, há dezenas de investigações em andamento no país.

O papa Francisco já havia aceitado a renúncia de cinco bispos chilenos, quatro deles acusados de encobrir os abusos sexuais cometidos por padres. O pontífice criticou duramente a hierarquia da Igreja chilena pelo tratamento dado às denúncias das vítimas.

No ano passado, líderes locais da Igreja pediram perdão pelo abuso sexual de crianças cometidas por clérigos e concordaram em abrir seus arquivos e intensificar a colaboração com os promotores chilenos que investigam os casos.

Em junho, a polícia apreendeu documentos da corte eclesiástica da diocese de Santiago e, desde então, realiza buscas surpresa em escritórios da Igreja em todo o país, intimando bispos do Chile e do Vaticano a depor.

No ano passado, foi preso o padre Óscar Muñoz, braço direito de Ezzati no arcebispado de Santiago, acusado de violentar sete menores.

G1

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