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Sonda japonesa tem sucesso em segundo pouso e coleta de amostras de asteroide

É a primeira vez que se tentará coletar detritos subterrâneos no asteroide Divulgação / Projet Hayabusa 2

A sonda japonesa Hayabusa2 colecionou mais um sucesso no fim desta quarta-feira (10, quinta no horário de Tóquio), ao realizar seu segundo pouso bem-sucedido no asteroide Ryugu. O objetivo era descer para colher mais uma amostra do asteroide, para trazer de volta à Terra no fim do ano que vem.

O local de descida foi escolhido levando em conta a segurança para a espaçonave e a proximidade com uma cratera artificial gerada por um projétil disparado pela própria Hayabusa2 em 5 de abril. A ideia é conseguir recolher parte do material ejetado da cratera, que imagens revelaram ter cerca de 10 metros de diâmetro.

O procedimento de obtenção de amostras da sonda é por si só um pouco violento. A espaçonave desce lentamente até o solo, guiada por um marcador previamente disparada na direção da superfície. Ao tocá-lo, um tiro é disparado na direção do chão e rochas do asteroide voam na direção de um chifre localizado na porção inferior da nave. Em seguida, a nave dispara rumo a uma distância segura, para garantir sua integridade.

No procedimento desta quarta, o toque com o solo se deu conforme o esperado, às 22h20 (10h20 de quinta no horário japonês), e a espaçonave confirmou por rádio sua viagem para um local seguro. Após a subida, conexão com a antena de alto ganho da sonda foi reestabelecida às 22h39, e a telemetria indicou que o procedimento parece ter se dado de forma normal, as 22h52.

É o mais novo sucesso de uma sequência impressionante na missão. A Hayabusa2 chegou ao Ryugu, um asteroide com cerca de 850 metros de diâmetro, em julho do ano passado. Em setembro, a sonda lançou dois minirrovers pela superfície, e em fevereiro a Hayabusa2 fez o primeiro pouso e coleta de amostras no asteroide.

A espaçonave tem até o fim deste ano para explorá-lo, quando deverá impreterivelmente tomar o caminho de casa —a mecânica celeste não espera ninguém. A missão estava preparada para fazer até três tentativas de pouso e coleta de amostras, mas os cientistas encontraram terreno mais acidentado que o esperado. Por conta disso, é improvável que a Jaxa (agência espacial japonesa) realize uma terceira tentativa. Dois sucessos são uma notícia boa demais para arriscar colocar tudo a perder numa terceira tentativa, talvez danificando a espaçonave de forma irrecuperável.

A Hayabusa2 é a primeira espaçonave da história a visitar um asteroide do tipo C, rico em carbono. Espera-se que as amostras trazidas pelo Ryugu ajudem os cientistas a investigar que tipos de moléculas orgânicas —quiçá precursoras da vida— asteroides podem ter trazido à Terra no passado remoto, além de investigar o ambiente de formação planetária no Sistema Solar, 4,5 bilhões de anos atrás. Os asteroides são genericamente tidos como “restos” do processo que levou ao nascimento dos planetas.

FolhaPress SNG

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