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Unicamp lidera ranking em nº de pedidos de patentes: ‘Inéditos e promissores’

Pesquisadora do Instituto de Química da Unicamp

Unicamp, em Campinas (SP), é a instituição sediada no Brasil que mais depositou patentes de invenção em 2017 no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Foram 77 pedidos, ao todo, 15 a mais que em 2016, quando a universidade ocupava a 2ª posição. Instituto tem investido para reduzir tempo de análise das patentes, mas espera média ainda é de 10 anos.
“Mostra que a Unicamp está preparada para atender demandas tecnológicas do mercado. Isso mostra que a universidade é capaz de desenvolver projetos realmente inéditos e promissores”, afirma Patrícia Leal Gestic, diretora de propriedade intelectual da agência de inovação Inova Unicamp.

A agência Inova Unicamp é o órgão responsável pela gestão da propriedade intelectual e da transferência de tecnologia da universidade, e conta com uma seleção interna de patentes rígida para garantir o ineditismo e que as ideias sejam aplicáveis no mercado.
Segundo Patrícia, em 2017 foram recebidos pela agência entre 120 e 130 pedidos, mas 81 foram enviados ao INPI, que reconheceu 77 deles.
“A propriedade intelectual – basicamente as patentes – é a infraestrutura invisível da inovação. É aquele valor que se precisa dar e investir para que se tenham produtos e processos inovadores e competitivos. A Unicamp está no caminho certo”.

Veja os avanços que a Unicamp teve nos últimos cinco anos em número de pedidos de patentes de inovação no gráfico, abaixo.
Número de pedidos de patentes pela Unicamp entre 2013 e 2017

Em 2017 foram 25.658 pedidos ao INPI, de instituições residentes e não residentes no Brasil. Só as sediadas no país pediram 5.480 patentes no ano passado, sendo o estado de São Paulo o maior solicitante, com 30%.
Transferência de propriedade intelectual

A diretora destaca que a Unicamp é uma das universidades que mais transferem propriedade intelectual para o mercado atualmente. Isso significa a aplicação da inovação nas indústrias para que os produtos possam ser consumidos pela população.
“A gente teve casos de patentes que geraram produtos saudáveis, com baixo teor de gordura trans e saturada, e que hoje estão em inúmeros ingredientes da indústria de alimentos e que o consumidor usa”.
Foram 25 transferências em 2017 número que vem crescendo nos últimos anos. Antes de 2013, a média era de cerca de seis por ano, afirma Patrícia.
“A gente teve também em 2017 o recorde de patentes concedidas, mostra que as patentes são robustas o suficiente para serem transferidas para o mercado. Cada nova patente é uma nova oportunidade de negócio e de agregar valor com o conhecimento, e isso a gente acaba vendo na prática na sociedade”, diz.

Foram 62 patentes concedidas, numa realidade de demora na análise dos pedidos pelo INPI. Segundo Patrícia, em média, leva sete anos e meio para as análises nas áreas de cosméticos e odontologia e até 14 anos para tecnologia da informação.
No entanto, com o respaldo do conhecimento dos pesquisadores e por meio de contrato, a Unicamp pode transferir a propriedade quando o processo está em andamento no INPI. As empresas recebem o pedido de patente e são avisadas de que ainda não se trata do registro final. Assim, já podem dar continuidade ao desenvolvimento da tecnologia.
“As universidades geram conhecimento e tecnologia, e o mais importante é a transferência para o mercado. É ele que vai fazer com que essas tecnologias sejam utilizadas. A gente completa o ciclo da inovação, fazendo com que as empresas se tornem mais competitivas”, explica.

“Além de identificarmos e prospectarmos a oportunidade de tecnologia nos laboratórios, nós recebemos dos professores e dos alunos o que a gente chama de comunicação de invenção. Quando eles acham que tem alguma coisa promissora, eles nos avisam”, afirma Patrícia sobre o estímulo na Unicamp.

No último ano, o INPI investiu em profissionais para agilizar as análises das patentes, reduzindo o tempo de espera. Foram contratados 140 examinadores em 2017. Medidas administrativas também têm sido adotadas para agilizar o processo.
O número de pedidos na fila teve uma redução de 7,6% no ano passado em relação a 2016, o percentual equivale a 18.705 patentes analisadas ou arquivadas. Eram 243.820, em 2016, e passou a 225.115, em 2017, de acordo com a Instituição.
Desde o ano passado, examinadores foram estimulados a trabalhar de casa, com aumento de produtividade. São 96 profissionais com produção, em média, 50% acima da meta contratada, sendo que o compromisso para se manter do programa era produzir 30% acima da média.
E as medidas aplicadas também já refletem nos resultados deste ano do INPI. Foram 3.854 decisões – conclusão dos processos – de janeiro a abril de 2018, contra 1.608 no mesmo período de 2017, um incremento de 139%.

Prédio da agência de inovação Inova Unicamp, em Campinas (Foto: Thomaz Marostegan/Inova Unicamp)
No entanto, o prazo para concluir um processo continua longo, 10 anos, em média. No ano passado, o G1 divulgou que pesquisadores de Campinas procuravam alternativas fora do Brasil, diante da demora.
Um Acordo de Cooperação Técnica entre INPI, Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) busca investimento de R$ 40 milhões no Instituto, dividido em três anos. Desse montante, o MDIC aprovou o aporte de R$ 20 milhões em 2018.

O recurso, segundo o INPI, permitiria avanços na infraestrutura tecnológica do órgão, com revisão e atualização de processos, além da geração de inteligência competitiva e análise de novas oportunidades no campo de patentes.

G1

 

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