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Vida alienígena pode existir, mas nossas concepções estariam nos impedindo de reconhecê-la

Foto: © AP Photo / Observatório Europeu do Sul, L. Calsada

Se descobríssemos vida alienígena, seríamos capazes de reconhecê-la? A vida em outros planetas pode ser tão diferente do que imaginamos que talvez não a sejamos capazes de a reconhecer.

O cientista empenhado na busca por vida extraterrestre, Scott Gaudi, do Conselho da NASA, declarou estar otimista quanto às chances de encontrarmos vida alienígena:

“De uma coisa estou seguro, depois de 20 anos de pesquisando exoplanetas: esperem o inesperado”, declarou.

Mas será que é possível simplesmente “esperar o inesperado”, questiona o filósofo da ciência da Universidade de Dunham, Peter Vickers, em artigo publicado no jornal The Conversation.

Muitas pesquisas apontam que “esperar o inesperado” pode ser muito mais difícil do que parece. De acordo com o psicólogo cognitivo Daniel Simons, temos uma tendência de não ver aquilo que não prevemos. Por exemplo, se virmos uma carta preta de quatro de copas misturada a um baralho comum, dificilmente iremos notar a anomalia.

Quando o assunto é a descoberta de vida alienígena, será que podemos nos contentar com a ideia de que “iremos saber que é vida quando nos depararmos com ela”? Existem muitos exemplos na ciência que provam que, muitas vezes, somos incapazes de reconhecer fenômenos completamente novos.

A primeira vez que os cientistas obtiveram provas do baixo nível de ozônio na atmosfera na região da Antártica, ao invés de concluir que havia um buraco na camada de ozônio, os cientistas acharam que havia algo de errado com os dados.

Aurora Boreal vista do Observatório de Pesquisa da Antártica, aonde foi descoberto o buraco na camada de ozônio da região, em 1987
Aurora Boreal vista do Observatório de Pesquisa da Antártica, aonde foi descoberto o buraco na camada de ozônio da região, em 1987. Foto: © AP PHOTO / PATRICK CULLIS

 

Felizmente, eles tiveram o rigor de coletar os dados novamente e, somente depois disso, concluíram e fizeram a descoberta da anomalia.

Além disso, a maioria das grandes descobertas ocorreu por acidente, como a penicilina ou a detecção da radiação remanescente do Big Bang. Será que poderemos contar com a sorte no caso da vida alienígena?

Cientistas que observam exoplanetas enfrentam um obstáculo adicional: existem milhares de exoplanetas competindo pela atenção dos pesquisadores. Nos últimos dez anos, a NASA identificou mais de 3.650 exoplanetas, cada um com uma estrutura física e química específica. A possibilidade de algum exoplaneta ser descartado como sendo “de importância menor” é bastante significativa.

Apesar da necessidade de formar cientistas com forte embasamento teórico, Vickers aponta para a necessidade de manter a mente aberta para poder analisar fenômenos novos.

Isso seria particularmente necessário na área da exploração espacial, que não pode ser abordada como uma “expedição de pescaria”, na qual procuramos por algo pré-determinado.

A NASA realiza missões de exploração espacial com o auxílio do telescópio TESS, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT). O TESS foi lançado por um foguete da companhia SpaceX, a partir da base da Força Aérea dos EUA em Cabo Canaveral, na Flórida, em abril de 2018.

Sputnik

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