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Brasil discorda de proposta da Rússia para pagamentos via BRICS, mas defende atualização do SWIFT

Hoje a moeda do Brasil é a de maior valor

O impacto econômico no curto prazo é bem difícil de ser medido, segundo Rezende. Mas há diversas vantagens no longo prazo, e uma delas é a facilitação do comércio tanto entre os países do bloco como países do BRICS. Ou seja, realizar o sonho de driblar, enfim, a dependência do dólar no mercado internacional.

Trata-se, inclusive, de uma tendência global encabeçada pela China, que vem tentando estabelecer o Renminbi como a moeda padrão em uma série de relações comerciais com seus parceiros mais próximos, principalmente os do que se convencionou chamar de a Nova Rota da Seda.

Já Beaklini acredita que uma nova moeda latino-americana não reduziria a dependência do dólar de imediato.

Mas, à medida que se fecham mais contratos em bloco nesta moeda, ou dando preferência para que esta moeda fosse intercambiável com outra moeda — em um sistema de trocas que corresse paralelo ao SWIFT (exemplo é o sistema da Rússia, de 2014, que pode ser complementado com o sistema iraniano e chinês), a redução da dependência do dólar seria possível.

Ele aponta que é importante entender que a moeda não é exógena à economia, e a economia não é exógena ao domínio territorial e ao domínio político.

Nesta toada, Beaklini explica que há moeda porque há autoridades que as controlam.

“Há moeda porque há um país, um Estado nacional, e não o contrário. Essa fantasia neoliberal tem que acabar. Acabando essa fantasia neoliberal, e tendo um conjunto de acordos perenes entre países latino-americanos, é possível, sim, diminuir a dependência do dólar.

Mas essa redução precisa ter um começo, e o começo tem que ser a prioridade das trocas internas, dentro dessa zona da moeda latino-americana”, reflete.

A exemplo de Rezende, Beaklini também sustenta que a nova moeda poderia ser usada, por exemplo, com os países do BRICS, que também vêm buscando alternativas nesse sentido. Isso porque a relação com o BRICS na chamada nova arquitetura financeira mundial é fundamental.

O BRICS, por exemplo, tem um fundo de reserva automático e tem o banco do bloco. Para sedimentar a nova moeda dos países da América Latina, ele sugere a retomada do Banco do Sul [banco do Mercosul] como um sistema complementar para facilitar as transações por meio desses dois bancos, além da criação de um fundo de resgate para os países latino-americanos.

Uma situação bastante factível, segundo o acadêmico, é fechar os contratos com projetos financiados pelo Banco do Sul e o banco do BRICS em uma moeda que não seja o dólar, o que seria um avanço, avalia.

“Precisamos montar uma arquitetura financeira latino-americana, e que, a partir daí, seja possível fazer parte do comércio internacional sem depender do dólar ou da tirania cibernética do SWIFT”, declara.

Sputnik

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