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Cunha admite ter financiado 60 deputados antes de presidir Câmara e derrubar Dilma

Eduardo Cunha

Folha de S. Paulo e Intercept Brasil publicaram nesta quinta (26) uma reportagem sobre a delação premiada de Eduardo Cunha, que foi rejeitada por um grupo de procuradores da Lava Jato com atuação em mais de um Estado.

Segundo a matéria, Cunha admitiu em sua proposta de delação que financiou, em 2014, a campanha de 60 deputados federais.

Com isso, obteve apoio para presidir a Câmara no segundo mandato de Dilma Rousseff e, depois, levou essa bancada do baixo-clero para a raia de Michel Temer, quando o impeachment da petista entrou em marcha.

Além dos mais de R$ 140 milhões distribuídos aos 60 deputados, Cunha teria citado outros políticos e um total arrecadado de R$ 270 milhões, entre doações oficiais e caixa 2 (70% da verba).

Ele afirmou que o dinheiro vinha de grandes empresas como JBS, bancos privados, Odebrecht, montadoras, empresas de ônibus e outras companhias interessadas na sua influência no Parlamento.

“Cunha entregou sua proposta de delação a procuradores em meados de 2017, mas seus relatos foram considerados pelos investigadores superficiais demais, e não houve acordo”, afirmou Folha.

A reportagem, dessa vez, não divulgou diálogos dos procuradores.

Apenas lembrou que, em mensagem de Sergio Moro para Deltan Dallagnol, o então juiz deixou claro que “era contra” a delação de Cunha e que esperava que as notícias sobre a negociação com o Ministério Público não passassem de “rumores”.

Na delação, Cunha ainda afirmou que cresceu na política quando passou a atuar para o grupo de Garotinho, no Rio de Janeiro.

E que conseguiu “crédito ilimitado” com Joesley Batista, da JBS, porque teria convencido Michel Temer a nomear Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda, após o impeachment.

Os citados na delação afirmam que Cunha mente e implica adversários políticos por ressentimento.

O grupo de procuradores que rejeitou a delação inclui membros do MP Federal no Paraná, DF, Rio, Rio Grande do Norte e da Procuradoria-Geral da República.

Cunha está preso e é condenado em ações penais em Curitiba e Brasília.

Sua esposa, Cláudia Cruz, foi poupada por Sergio Moro, apesar de ter usado do dinheiro do marido para viagens e compras de luxo no exterior.

Assim funcionava a máfia da Lava Jato.

Luis Nassif

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