O distinto amigo e a querida amiga não conseguirá ler, nos jornais e nos noticiários da grande mídia uma matéria com a seguinte manchete:
Petrobras ganha, desde janeiro, 20% de seu valor de mercado.
No entanto tenho a mais absoluta certeza, de que já leu e vai continuar lendo manchetes que denigrem a empresa e diz que ela está falida.
Pois foi exatamente isso o que aconteceu, de 2 de janeiro para cá, quando a ação passou de R$ 9 para os R$ 10,83 com que suas ações ordinárias fecharam no dia de ontem, mesmo numa Bolsa apática (queda de 0,02% no Ibovespa).
Claro que a Petrobras está – e muito – no negativo, mas a marotice estatística permitiria fazer “pior”: comparar com os R$ 8,04 de 30 de janeiro e dizer que, de lá para cá, a valorização foi de 35%.
Malandragens, meu caro leitor, que macaco velho de jornal conhece de cor e salteado, embora muitos dos de hoje o façam achando que é grande coisa.
Dá para fazer até como gráficos, que reúne as cotações na Bolsa de Nova York, mostrando que as ADR da Petrobrás, por lá, só valorizaram menos que a da British Petroleum (11,52% contra 12,05%) e muito mais do que as da Shell (-2,81%) , da Total (5,96%), da Conoco-Philips (3,85%) , da Chevron (0,56%) ou da Exxon (-5,5%).
Embora bem embrulhadinha, mentem, para enganar otários.
Porque a Petrobras, depois de apresentar esta valorização, não desabou na chamada realização de lucros?
Isto é, na correria para vender a quase onze o que outro dia se comprou a oito?
Porque a Petrobras, até as pedras da calçada diante da Bovespa sabem, está barata, depreciada muito além de seus problemas reais.
E que petróleo, da qual ela está cheia, a 50 dólares por barril é uma bobagem artificialmente mantida pelo jogo de forças internacional.
Não creiam nesta história do “balanço auditado”.
Vai sair, é necessário, compromisso de uma empresa de capital aberto.
Mas isso já foi “precificado” e muito, muito além dos prejuízos reais de Costas, Baruscos e Youssefs.
E vai ser “desprecificado”, anotem.
Manchetes recicladas, como a de O Globo falando em R$ 45 bilhões de prejuízo no Comperj, obra de um cálculo inepto do TCU divulgado há seis meses, só enganam aos tolos que não leem que isso se daria apenas se a planta de refino fosse abandonada e que o tal “valor presente líquido” é tão volátil quanto às estatísticas casuais.
A turma da bufunfa, que de otária não tem nada, segue nas suas “posições compradas” de Petrobras.
Os otários, que vão bater panela, fazem-lhes um favor.
Mas, taí, se eu fosse fazer um slogan para falar do valor das ações da Petrobras, copiar-lhes-ia a sua palavra de ordem. Amanhã vai ser maior, amanhã vai ser maior.
Fonte: Fernando Brito/cljornal