Em meio a números baixos do crescimento econômico do Brasil e entre críticas dos adversários políticos, a presidente Dilma Rousseff avalia que, independentemente de quem vencer as eleições, não será preciso implementar uma política de arrocho em 2015 para recuperar a economia.
Segundo a presidente, a economia está no caminho certo e o terreno está pronto para recuperar o PIB (Produto Interno Bruto) – conjunto de todas as riquezas produzidas no País.
– Eu não acredito em ano de remédio amargo. Nós seguramos a crise com salário, emprego e investimento. No Brasil nós temos perspectivas de aumentar a taxa de investimento e não temos uma baixa produtividade do trabalho.
A vantagem é que se der uma fresta a gente cresce, essa é a vantagem porque eu não diminui o investimento.
As declarações foram dadas em conversa com jornalistas, após entrevista concedida ao Jornal da Record e ao R7, nesta quinta-feira (18), no Palácio do Alvorada em Brasília.
Apesar de acreditar na recuperação da economia, a presidente reconhece que dificuldades enfrentadas por parceiros comerciais importantes podem atrapalhar o desempenho econômico do Brasil.
Demonstrando preocupação, Dilma Rousseff cita a crise da Argentina, a desaceleração do crescimento da China e as dificuldades no cenário político da Europa como fatores que podem interferir na recuperação da economia brasileira.
– O único motivo pelo qual podemos ainda ter uma situação de dificuldade é porque nós depenemos do resto do mundo. A crise é no mundo todo. Eu tenho um problema seríssimo na Argentina.
E eu dependo da Argentina e da China. Se a China demolir, ela tinge o mundo inteiro.
De acordo com a presidente, a Argentina consome 80% dos produtos manufaturados brasileiros e a China é a grande consumidora de commodities.
Na avaliação de Dilma, os dois países enfrentam dificuldades econômicas, assim como os resto do mundo, e isso será admitido por todos os críticos do governo após o período eleitoral.
– O que está acontecendo é que nós estamos em período eleitoral. Na hora que sair do período eleitoral todo mundo vai ter de aceitar que o ano de 2014 teve um aprofundamento feroz da crise internacional.
A presidente avalia que 2014 será visto como um “ano-crise”, assim como foi em 2009, após o colapso mundial de 2008 – gerada pela bolha imobiliária dos Estados Unidos.
Segundo Dilma, se o cenário em 2015 continuar o mesmo, quem assumir a presidência pode até usar a estratégia do arrocho, mas isso não beneficiará o Brasil.
– Nós não estamos em mundo ‘numa boa’. Em 2015 tem duas hipóteses, se continuar desse jeito. Ou nós continuamos defendendo emprego e salário, ou nós entregamos os pontos, entregamos o investimento, fazemos corte de salário e corte de emprego.
Eis as duas formas. E ninguém vem me dizer que a outra [o arrocho] dá certo. Mais do que a Europa fez não tem jeito. Faça um programa de austeridade maior que o da Europa e vê se dá certo.
Fonte: Carolina Martins