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ECONOMIA DESACELERA E CONSUMIDOR BRASILEIRO MUDA SEU COMPORTAMENTO DE CONSUMO

De acordo com estudo Confiança do Consumidor 2014, da Nielsen, a inflação sai do 10º lugar no ranking das principais preocupações do brasileiro em 2012 para 2º lugar em 2014

Brasileiros conquistaram um padrão de consumo e, diante de uma desaceleração econômica, não querem perdê-lo

13% dos brasileiros estão economizando para pagar dívidas atrasadas e 64% afirmam que diminuem lazer fora do lar para economizar

Não é mais novidade que a classe C deixou de ser o motor da economia. No entanto, o estudo Mudanças do Mercado Brasileiro, da Nielsen, revela que os consumidores conquistaram um novo padrão de consumo, acessando produtos diferenciados, e agora, diante uma desaceleração econômica, querem manter o que conquistaram.

A contribuição dos fatores macroeconômicos considerados para crescimento ou retração do grupo de categorias auditado pela Nielsen, por meio de projeções conservadoras, será negativa (na ordem de -3.6%) para a movimentação das cestas em 2015. Isso indica que as pessoas já estão em busca de um ponto de equilíbrio quando o assunto é consumo.

Segundo a Nielsen, 64% dos brasileiros afirmam que, para poupar, diminuem o lazer fora do lar e 13% estão economizando para pagar dívidas atrasadas. “Os consumidores reduzem o lazer fora do lar, mas querem continuar se divertindo”, diz Gloria Tittoto, analista de mercado da Nielsen.

Outro dado que demonstra a situação de atenção no consumo é a ida ao ponto-de-venda. Houve uma queda de 4,7% no número de visitas ao ponto-de-venda em 2014 com aumento do tíquete médio em 5,6% a cada visita, ou seja, as compras estão sendo mais planejadas: o consumidor vai menos vezes à loja, mas gasta mais a cada visita. E pela pesquisa, a classe A + B é a que está puxando o consumo.

Como consequência, o canal Cash & Carry (popularmente conhecido como Atacarejo) teve um crescimento significativo em 2014. Houve a abertura de 47 lojas no Brasil com 1,4 milhão de lares que passaram a fazer compras neste canal em 2014. “O Cash & Carry é favorecido pela vantagem financeira, atraindo novos compradores e fidelizando o shopper”, afirma Mayane Soares, analista de mercado da Nielsen.

Outros dois canais que se destacaram este ano foram o Minimercado e Supermercado, que se beneficiaram de um aumento do número de itens comprados a cada ida ao ponto-de-venda.


DECISÃO PRECISA

E com o potencial agravamento da crise hídrica e o aumento dos preços da energia e do combustível, esperados para 2015, o cenário não é dos melhores. “A indústria e o varejo terão que ser bem precisos em suas ações. É necessário atuar estrategicamente, pois não há margem para erros. Suas execuções terão o papel de manter a demanda aquecida”, explica Mayane Soares.

No ano passado, maiores esforços na execução das ações (como aumentar a disponibilidade do produto, fazer ativações na loja e até mesmo promoções) foram os principais responsáveis pelo crescimento verificado, tanto que, em valor (não deflacionado), as cestas Nielsen variaram 11,6%.

“É como um jogo de forças: enquanto as alterações e incertezas do cenário econômico puxam o resultado para baixo, tanto o aumento de preços (inflação) quanto às ações da indústria e varejo impulsionaram as vendas em valor. Como destaques, tivemos um verão muito longo e a Copa do Mundo que ajudaram a impulsionar as vendas no ano passado, entretanto, o que fez a diferença entre estabilidade e crescimento foram as ações de execução”, conclui Gloria Tittoto.

Fonte: Karina Spedanieri

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