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GLOBO INSISTE NO LOBBY PELA ABERTURA DO PRÉ-SAL

Em mais um editorial, o jornal O Globo, dos irmãos João Roberto, Roberto Irineu e José Roberto Marinho, prega a abertura do pré-sal a empresas internacionais, como Shell, BP, Exxon e Chevron.

\\\”Se o governo quisesse amanhã promover a licitação de qualquer outra área no pré-sal esbarraria na impossibilidade de a Petrobras assumir mais compromissos tão vultosos. Isso não faz sentido, porque amarra o desenvolvimento da indústria petrolífera do país como um todo\\\”, diz o texto; de acordo com o editorial, a Petrobras pode continuar a ser protagonista, mas \\\”sem a obrigatoriedade de ser operadora única e uma participação mínima nos consórcios de investidores\\\”

Se o governo decidisse hoje licitar um novo campo com grande potencial de petróleo não poderia fazê-lo devido às limitações.

A Petrobras precisa ser refundada, como bem frisou em artigo, na edição de ontem do GLOBO, o professor Adriano Pires, especialista no setor de energia.

A empresa foi conduzida nos últimos anos mais como o braço de execução de uma série de políticas governamentais do que como uma companhia cuja função principal é produzir hidrocarbonetos e seus derivados, de maneira econômica e financeiramente sustentável e estimulada pela existência de um razoável mercado consumidor no país.

É evidente que qualquer investidor que adquire ações da Petrobras tem ciência de que não será sócio de uma empresa privada. Por sua natureza estatal, a Petrobras sempre estará alinhada aos objetivos das politicas traçadas por seu controlador.

No entanto, cabe ao Estado, como sócio majoritário, se ater a certos limites, que respeitem os direitos dos minoritários.

Não foi o que aconteceu a partir do primeiro governo Lula, em especial depois da decisão de se mudar o modelo de exploração e produção após a descoberta de grandes reservatórios na camada do pré-sal.

Inebriado pela possibilidade de ter encontrado uma \\\”nova Venezuela\\\” nas águas ultra-profundas da Bacia de Santos, o governo Lula cometeu o equívoco de achar que não havia risco e nem qualquer outro obstáculo financeiro para explorar essa promissora fronteira petrolífera.

Em vez de adaptar o modelo de concessões, já bem-sucedido, resolveu mudar tudo, optando pela partilha de produção. Mas estabelecendo exigências que feriam a racionalidade econômica, como, por exemplo, tornar a Petrobras operadora única dos futuros blocos, e com participação obrigatória mínima de 30% nos consórcios.

Além de usá-la num programa de substituição de importações de estilo geiselista. Esse modelo considera que a Petrobras tem capacidade financeira, gerencial e tecnológica infinita.

Mas na prática o que vemos hoje são sérias restrições orçamentárias da estatal.

Se o governo quisesse amanhã promover a licitação de qualquer outra área no pré-sal esbarraria na impossibilidade de a Petrobras assumir mais compromissos tão vultosos.

Isso não faz sentido, porque amarra o desenvolvimento da indústria petrolífera do país como um todo.

A crise em que a Petrobras está mergulhada, a partir da descoberta de grande esquema de corrupção dentro da empresa, com suas cotações derretendo nas bolsas, – embora seja uma companhia
com expressivo potencial de crescimento de reservas – obriga o governo a fazer uma reflexão sobre erros cometidos, como essas exigências do modelo de partilha de produção de futuros blocos no pré-sal.

Não há dúvida que a Petrobras continuará sendo a principal protagonista do pré-sal, pelos campos que já tem em produção ou em desenvolvimento.

Mas pode perfeitamente permanecer exercer esse papel sem a obrigatoriedade de ser operadora única e uma participação mínima nos consórcios de investidores. É condição que deveria ser objeto de negociação com seus parceiros em cada nova licitação. 

Fonte: Editorial da Globo

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