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Governo demite secretário da Receita Federal, Marcos Cintra.

O secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, não resistiu às pressões quanto à reedição da CPMF. (Leo Pinheiro/Valor/Agência O Globo)

Os principais jornais do país destacam a demissão do secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, por divergências em relação a recriação da CPMF. Segundo a Folha de S.Paulo, a saída dele aconteceu um dia depois da divulgação dos números da reforma tributária que previam cobrança de 0,4% sobre saques e depósitos em dinheiro e 0,2% sobre débitos e créditos financeiros.

A ordem veio do presidente Jair Bolsonaro, que segue internado em hospital para se recuperar de uma cirurgia no abdômen. Em uma rede social, o presidente afirmou que “a recriação da CPMF ou aumento da carga tributária estão fora da reforma tributária por determinação [dele]”.

De acordo com a Folha, lideranças do Congresso criticaram a proposta de reforma tributária. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) disse que “os brasileiros não aguentam mais pagar impostos”. Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a proposta vai enfrentar resistência. “Insistência em nova CPMF derruba chefe da Receita”, ressalta a manchete da Folha.

O estopim para a demissão foi uma apresentação num seminário, em Brasília, na qual Cintra adiantou, por exemplo, que o governo apresentaria ao Congresso a alíquota de 0,4% da nova CPMF. Segundo O Globo, o staff do presidente interpretou a atitude do secretário da Receita como um “atropelamento” do anúncio oficial.

O vice-presidente Hamilton Mourão, que assumiu a presidência após a internação de Bolsonaro, afirmou que a “queda” de Cintra foi justamente porque a discussão se tornou “pública demais” antes de passar pelo aval de Bolsonaro, e não devido à proposta em si.

Segundo o matutino carioca, Guedes ainda é entusiasta de uma nova CPMF. O plano é substituir, com o novo tributo, o que é arrecadado atualmente pelo governo na contribuição empresarial sobre folha de pagamento. Ao reduzir o custo das empresas, elas poderiam investir e, consequentemente, gerar mais empregos. “Bolsonaro demite auxiliar de Guedes e descarta CPMF”, destaca o título principal do Globo.

O Estado de S.Paulo lembra que Cintra já tinha gerado descontentamento no governo quando integrantes da Receita ameaçaram entregar os cargos em protesto contra interferências de Jair Bolsonaro.

Segundo o Estadão, Guedes agora vai aproveitar para reestruturar o Fisco e trocar a cúpula da Receita, medidas que já eram cobradas pelo presidente. “CPMF derruba secretário e governo vai mudar cúpula da Receita”, informa a manchete do Estadão.

Em sua primeira página, O Globo também informa que o governo avalia subir a verba de fundo eleitoral para campanhas de candidatos a vereador e prefeito em 2020. A intenção é aumentar de R$ 1,87 bilhão para R$ 3,7 bilhões o valor que estava sendo pleiteado por líderes partidários no orçamento do próximo ano.

O Globo lembra que o governo havia proposto inicialmente R$ 2,5 bilhões, mas recuou temendo críticas da sociedade. Com isso, o valor do fundo voltou a ser de R$ 1,87 bilhão. Segundo o jornal, a pressão política, porém, fez o Executivo mudar novamente de posição. O matutino diz que o ministério da Economia terá que cortar outras despesas para conseguir esse aumento, pois o orçamento está próximo do teto de gastos.

Matheus Leitão

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