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Governo Temer surrupia 39,6 bilhões de reais dos mais pobres, por Sérgio Jones

Legalizando o roubo

Seria risível se não fosse trágico, em mais uma ação do desastrado desgoverno do presidente golpista Michel Temer, de uma só canetada retirou 39.6 bilhões de reais dos segmentos mais fragilizados da sociedade, os mais pobres.

Não se dando por satisfeito pela prática criminosa cometida contra, ou em desfavor da economia popular, ele e seu grupo de asseclas repassaram todo este recurso para vitaminar os já vitaminados parasitas sociais que infestam essa triste nação chamada Brasil.

Os beneficiados com este pacote de perversidade são os banqueiros e empresas do agronegócio, além de parte destes recursos também serem direcionados para reforçar o aparato repressor do Estado.

A leitura que se pode fazer, dessa gigantesca  tragédia social, é que se retirou recursos de quem mais precisa, pobres, idosos, para dar para quem menos precisa, os ricos.

Que já têm uma história ampla de ganância que é coroada com a prática de farta acumulação de capital.

Toda esta tragédia que de grega não tem nem o nome aconteceu no dia 29 de dezembro de 2017, o presidente usurpador, Temer, por decreto resolveu reduzir o patético valor real do  salário mínimo ao cortar 25,00 (vinte e cinco reais) de cada trabalhador/a, desempregado/a com direito a seguro desemprego ou aposentado/a.

Para este ano que se inicia,2018, o salário mínimo será de apenas míseros R$954,00 (novecentos e cinquenta e quatro reais), o que corresponde a um aumento real de apenas 1,81%, quase só a metade da inflação. Este é considerado  o menor aumento nominal em 24 anos, desde 1994.

De acordo com avaliações projetadas pelo IBGE,  44,5 milhões de trabalhadores/ras ganham menos de um salário mínimo.

O que evidencia o elevado grau do retrato da desigualdade no país: os 10% mais ricos ficam com 43% de todos os ganhos.

Em 2016, 44,5 milhões de brasileiros receberam, em média, R$ 747 por mês, menos que o salário mínimo. Enquanto isso, as 889 mil pessoas mais bem remuneradas receberam, em média, R$ 27 mil por mês.

Mais uma vez fica evidenciado que esta redução de salário mínimo só poderia partir de uma mente enferma que contribui de forma direta para o aumento da violência cruel que assola o país desde a sua origem.

Essa redução  vai de encontro ao que determina a  Constituição Federal de 1988, no Art. 7º, que assinala o seguinte: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (… ) IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”.

O que evidencia essa declaração é que ela está em total dissonância com a realidade deste patético país dos trópicos: com o salário mínimo, reduzido no seu valor real, – que já era pequeno -, não será possível, em 2018, prover um/a trabalhador/a e sua família nos nove quesitos garantidos constitucionalmente: moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.

Este salário além de injusto é ofensivo aos segmentos sociais mais  pobres do nosso país. Além de violar também o Estatuto do Idoso, que no art. 34, parágrafo 1, acolheu o clamor do Movimento em Defesa dos Direitos dos Idosos: “Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, […], é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social– Loas”.

O que podemos deixar como reflexão de toda esta ópera bufa é uma sábia citação na qual Karl Marx foi enfático ao afirmar: ” o caminho do inferno está pavimentado de boas ações”.

Sergio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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