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Guedes: classe política vai fazer ‘a parte dela’ pela reforma da Previdência

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira (22) acreditar que a classe politica fará a “sua parte” e aprovará uma reforma da Previdência Social que gere uma economia de R$ 1 trilhão aos cofres públicos em dez anos – conforme ele vem pedindo para implementar um sistema de capitalização.

“Eu vejo o presidente da Câmara [Rodrigo Maia] assumindo o protagonismo. Alcolumbre [presidente do Senado] já disse que vai montar uma comissão paralela para que não atrase no Senado. E aí votamos rapidamente. Isso é extraordinário. Como vou dizer que a classe politica não esta fazendo a parte dela? Vai fazer a parte dela, estou seguro, e acho que vai ser uma reforma de R$ 1 trilhão [de economia em dez anos]”, declarou ele.

Durante seminário sobre o assunto promovido pelo jornal “Correio Braziliense”, o ministro da Economia também comparou a reforma da Previdência a uma “cirurgia” que precisa ser feita.

“Não posso reclamar em nada, tenho total apoio do presidente da República. Mas dizem que ele deveria ir para a mídia social e ficar o dia inteiro ficar gritando [viva a] reforma da previdência. Ia se falsificar, falsificar a natureza dele. Ele faz isso com dor, eu faço isso com dor, mas tem de ser feito, é como uma cirurgia, você tem um filho, uma mãe, doente, e precisa fazer a cirurgia, você vai dizer: estou com pena. Não, você vai dizer: faça a cirurgia”, afirmou.

Com a aprovação de uma reforma da Previdência que resulte em uma economia de R$ 1 trilhão aos cofres públicos em 10 anos, o ministro Guedes afirmou que o Brasil ganhará “um ingresso” para estudar um regime de capitalização – no qual os trabalhadores na ativa contribuem para sua própria aposentadoria. No sistema atual, de repartição, os trabalhadores na ativa bancam os benefícios dos aposentados.

“Vamos garantir [no regime de capitalização] um salário mínimo para todo m undo. Não é o banco, é uma indústria nova, seguradora, vamos credenciar, regular, vigiar e garantir para que os jovens que entrarem hoje”, acrescentou Paulo Guedes.

Ele avaliou ainda que, com a reforma da Previdência aprovada, abre-se um horizonte de investimentos na economia brasileira de dez a 15 anos. “Os investimentos privados voltam, com acumulação de capital, tendo essa visão de estabilidade [nas contas públicas], com equilíbrio financeiro por duas decadas, e aí vamos olhar o resto do programa”, acrescentou.

Próximos passos

O ministro da Economia também declarou que, depois de encerrado o capítulo da reforma previdenciária, o governo já está preparando os próximos passos de sua agenda na área econômica.

Ele citou, por exemplo, a necessidade de diminuir os gastos, que embora financeiros também aumentam o endividamento brasileiro, dos juros da dívida pública – que somam mais de R$ 350 bilhões por ano. Para isso, Guedes voltou a defender as privatizações.

“Com as privatizações, vamos reduzir a dívida. Tinha botado uma meta de US$ 20 bilhões para este ano, de R$ 80 a R$ 100 bilhões, e já privatizamos US$ 11 bilhões. Mais da metade [do valor previsto para 2019] em menos da metade do tempo. Por enquanto, não tem peixe grande. Só coisinha pequena, concessão ali, porto ali, daqui a pouco vão entrar os grandes. Vamos começar os grandes também. tudo está sendo preparado, com as privatizações vamos travar essa despesa, que para o Brasil é uma vergonha”, declarou ele.

O ministro também citou a necessidade de diminuir os gastos com servidores públicos, que somam mais de R$ 300 bilhões por ano. Ele afirmou que 40% dos servidores se aposentam nos próximos anos, e voltou a falar em “travar” novos concursos. Ele avaliou que é importante que o funcionalismo público tenha “menos gente, mais bem paga, fazendo sua função”.

Ele deu os exemplos do Banco Central, do Supremo Tribunal Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Queremos um Estado magro, eficiente e que permita o orçamento publico exercendo a fraternidade”, declarou, citando ainda os processos de digitalização e simplificação nos serviços públicos, que estão sendo buscados.

Por fim, Guedes reafirmou que o governo quer implementar um novo pacto federativo, ou seja, redistribuir os recursos para os estados e municípios. “Durante a campanha, falamos ‘mais Brasil e menos Brasília’. O que queremos de Brasília? Excelência, coordenação, e não uma porção de ministros com dinheiro, dizendo ‘quem vota em mim’?”, declarou.

Para o ministro, é importante que os estados e municípios tenham mais recursos e, para isso, citou a intenção de que eles fiquem com 70% dos recursos previstos para o pré-sal nos próximos anos, contra a porcentagem atual de 30%. “Serão de US$ 500 bilhões a US$ 1 trilhão nos próximos 20, 30 anos [do pré-sa]”, afirmou.

Alexandro Martello

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