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Jair Messias Jim Jones volta a pregar o suicídio coletivo/Por Ricardo Kotscho

Jair Messias o Jim Jones brasileiro

“Faço um apelo aos governadores. É minha opinião, não estou dizendo que está certa ou errada. A política de fechar tudo e ficar em casa não deu certo. O povo brasileiro é forte. O povo brasileiro não tem medo do perigo”, pregou ã o presidente Jair Bolsonaro em discurso feito na cidade sergipana de Propriá, durante a inauguração de uma ponte com Porto Real, em Alagoas.

Era mais uma crítica ao isolamento social, na contramão do que vem sendo adotado pela maior parte dos governadores do país e do mundo, no auge da segunda onda desta pandemia que já deixou mais de 220 mil mortos e mais de 9 milhões de contaminados no Brasil.

A comparação de Bolsonaro com Jim Jones não é  criação minha, mas faz sentido. Foi feita pelo articulista David Nemer, na revista americana “Salon”, em abril do ano passado, quando escreveu:

“Da mesma forma como Jones convenceu seus seguidores a tomarem uma bebida envenenada com cianeto, Bolsonaro leva seus apoiadores ao mesmo caminho ao incentivá-los a usar cloroquina como solução contra o coronavírus, assim como criticar o isolamento social em meio à pandemia.

Embora essa história de Jim Jones possa parecer incomum, ela representa a materialização de como as pessoas podem ser manipuladas quando alguém tira proveito de seus medos e vulnerabilidades”.

Isso foi antes de nosso JJJ dizer para as pessoas tomarem cuidado com a “vacina chinesa do Doria” porque poderiam virar jacarés, os homens começarem a falar fino e a barba crescer em mulheres.

Bolsonaro não perde uma chance de negar a gravidade da doença _ “apenas uma gripezinha”, que já “está no finalzinho” _ protestar contra o uso de máscaras e o isolamento social, provocando aglomerações por onde passa, atacar os governadores que zelam pela saúde das suas populações e pregar a reabertura total do comércio.

Pois foi exatamente isso que provocou a grande tragédia do Amazonas, onde no final do ano passado o governador irresponsável cedeu à pressão de comerciantes e de políticos, entre eles, os filhos do presidente, superlotando os hospitais que ficaram sem oxigênio.

“Se eu fosse um dos muitos de vocês, obrigados a ficar em casa, ver a esposa com três, quatro filhos, e eu não ter, como chefe do lar, como levar comida para a casa eu me envergonharia. E eu sempre disse lá atrás que a economia anda de mãos dadas com a vida. A vida sem recursos, sem emprego, torna-se muito difícil”, pontificou em Propriá, com um discurso cada vez mais demagógico e populista, sem mencionar os 14 milhões de trabalhadores que não conseguem arrumar emprego.

É preciso lembrar ao presidente que, com a morte, a vida se torna impossível.

A seguirem seus conselhos, os devotos de Propriá poderão fazer da cidade uma nova Manaus. Em certos momentos, o presidente delira e mente ao afirmar que, desde setembro do ano passado, “fizemos compromisso com vários laboratórios e as vacinas começaram a chegar. E vão chegar para toda a população num curto espaço de tempo”.

Que compromissos? Com quais laboratórios? De que tamanho é o “curto espaço de tempo”?

Em setembro, Bolosonaro ainda fazia campanha contra as vacinas, e seu Ministério da Saúde só se mexeu em dezembro quando o governador de São Paulo, João Doria, anunciou o início da vacinação para janeiro, com a Coronavac do Instituto Butantan, que o presidente perjurava.

Até agora, só chegaram 2 milhões de vacinas de Oxford trazidas pela Fiocruz e, pelo andar da carruagem da vacinação, o Brasil levará 4 anos para imunizar toda a população.

Quantos sobreviverão?

Relatório divulgado na quinta-feira pelo Lowy Institute, centro de estudos de Sydney, na Austrália, revelou que o Brasil teve a pior gestão pública durante a pandemia.

Entre 98 governos avaliados, o Brasil ficou em último lugar.

Se dependesse só da iniciativa de Bolsonaro & Pazuello, o seu general da Saúde, a vacinação só começaria em março, como ele previa, com o Brasil registrando mais de mil mortos por dia.

Exilado desde sábado em Manaus, em sua segunda viagem ao Amazonas, não se sabe o que ele fez lá até agora. A crise na saúde continua do mesmo tamanho.

Na primeira viagem, antes do colapso dos hospitais no Estado, Pazuello ainda levou 120 mil comprimidos de cloroquina para tratar a população, quando já se sabia que faltaria oxigênio nas UTIs.

Na volta a Brasília, Eduardo Pazuello poderá ser o primeiro general da ativa a prestar depoimento na Polícia Federal, a pedido do Supremo Tribunal Federal, que abriu uma investigação sobre a atuação dele no combate à pandemia.

Graças ao amigo procurador-geral Augusto Aras, JJJ, o chefe e mentor de Pazuello, não será investigado, mas agora cada vez mais devotos, segundo as pesquisas, estão descobrindo quem é o principal responsável pelo Brasil ficar em 98º lugar no ranking dos países na gestão da pandemia, e estão pulando fora do barco bolsonarista.

A seguir nesta toada, logo o Brasil alcançará o 1º lugar no número de óbitos e de casos, hoje ocupado pelos Estados Unidos, mas logo isso pode mudar com a determinação do governo Joe Biden de vacinar um milhão de pessoas por dia.

Em previsão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, aventa a real possibilidade de que a “Mutação do coronavírus achado em Manaus deve se espalhar e causar megapandemia”.

No Brasil de JJJ, o que já é assustador sempre pode piorar.

O que vai acabar antes: o coronavírus ou o governo Bolsonaro?

Agora um está nas mãos do outro. Há controvérsias…

Se a onda do impeachment, que vem crescendo, pegar de vez, não haverá Arthur Lira, general, nem Centrão que segure.

Vida que segue.

Ricardo Kotscho

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