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Mantega: Recentes avaliações do FMI sobre o Brasil são contraditórias

As recentes avaliações do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o Brasil têm sido contraditórias, diz o ministro Guido Mantega, que assina o texto da declaração do Brasil e outros dez países para o Comitê Monetário e Financeiro do FMI (IMFC, na sigla em inglês).

 

“Talvez o FMI precise considerar mais cuidadosamente as suas avaliações das economias nacionais antes de publicá-las”, afirma o documento. O IMFC é o colegiado de 24 membros que define as diretrizes políticas do FMI.

Segundo o texto, alguns dos documentos do FMI atribuem a desaceleração do crescimento a fatores internos, minimizando os efeitos do desempenho medíocre da economia global.

“Essas avaliações contrastam com outros recentes trabalhos publicados pela instituição, como um estudo apresentado no Panorama Econômico Mundial de abril, que concluiu que fatores externos foram responsáveis por 60% da desaceleração do crescimento no Brasil”, diz o comunicado ao IMFC, que se reúne no sábado, durante o encontro anual do FMI e do Banco Mundial.

Mantega não veio a Washington desta vez. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, é que participará do encontro do IMFC.

Mantega afirma, no texto, que o “Brasil é um dos mercados emergentes mais sólidos devido, entre outros fatores, a mercado doméstico de consumo grande e dinâmico, sustentado por uma expansão contínua do emprego e da renda; reservas internacionais elevadas; uma relação declinante entre a dívida pública e o PIB; e fortes fluxos de investimentos estrangeiros diretos”.

O documento diz que, com duas das três principais economias avançadas em recessão e a expansão mais modesta da China, países como o Brasil enfrentam ventos contrários.

“No caso do Brasil, além da questão dos preços internacionais e da demanda fraca por exportações, o crescimento também foi afetado por uma grave seca”, afirma Mantega.

“O desemprego se estabilizou em níveis recordes de baixa e o crescimento deve se recuperar em 2015 e nos anos seguintes, à medida que o pesado investimento em energia, estradas, aeroportos e portos aumenta a produtividade e reduza custos e gargalos.”

Mantega afirma ainda a recuperação global continua a criar um senso de desilusão.

“O FMI provavelmente contribuiu para esse sentimento, pelo que parece ser uma propensão a exagerar as perspectivas para as economias avançadas, com as projeções sendo repetidamente contrariadas pela realidade. Ao mesmo tempo, avaliações contraditórias do FMI sobre economias emergentes dentro de um curto período também acrescentam incerteza num momento em que o mundo tenta sair de umas mais graves crises da história recente e iniciar um novo ciclo de crescimento”, afirma o texto.

“Nós instamos o Fundo a ser mais realista em suas avaliações daqui para frente.”             

Fonte: Sergio Lamucci

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