A economia em recuperação será “fator relevante” na eleição presidencial de 2018 e é “razoável supor” que a população possa optar por algo que garanta a continuidade desse processo.

A avaliação é do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre a possível influência do cenário econômico sobre o pleito do próximo ano.

Meirelles disse acreditar que a eleição do ano que vem ocorrerá num ambiente diferente do atual, com economia crescendo e desemprego em queda.

“Eu acho que certamente o crescimento econômico vai ser um fator relevante da eleição”, disse o ministro, para quem “é possível” que o país cresça 3,2% em 2018.

Segundo ele, a retomada da atividade econômica tende a criar um “clima favorável” na eleição para quem apoiar as reformas “que tornaram esse crescimento viável”.

Por isso, diz, “parece razoável supor que a população brasileira possa optar por algo que garanta a continuidade desse processo de modernização e crescimento da economia brasileira”.

O ministro acrescenta ainda que candidatos “alinhados com esse projeto” terão maior possibilidade em 2018. Em relação às especulações sobre uma candidatura a presidente no próximo ano, Meirelles diz não pensar nisso e prefere ficar focado no seu trabalho. “Eu estou no momento concentrado no meu trabalho como ministro da Fazenda”, disse, evitando maiores comentários sobre o tema.

A avaliação de Henrique Meirelles difere da de muitos aliados de Michel Temer, que ameaçam votar contra o peemedebista na segunda denúncia para não associar seus nomes ao do presidente.

Dentro do Congresso, deputados costumam dizer que suas bases eleitorais pressionam por um voto contra Temer, que está com popularidade muito baixa e desgastado pelas recorrentes crises políticas e acusações de envolvimento em casos de corrupção.

No momento, a avaliação corrente no Congresso é que ninguém vai querer o presidente Michel Temer como cabo eleitoral. Alguns interlocutores do peemedebista reconhecem que essa deve ser a realidade na eleição de 2018, mas, dizem, seria possível separar o presidente e os ganhos econômicos de seu governo.

Nas palavras de um assessor presidencial, Temer pode ser um péssimo cabo eleitoral, mas os resultados positivos na economia poderão ajudar a eleger candidatos no ano que vem.

Congresso

Durante a entrevista, questionado se o governo não virou refém de sua base aliada por causa da votação da segunda denúncia, Henrique Meirelles afirmou considerar “absolutamente normal que o Congresso, neste momento, esteja totalmente concentrado em discutir e votar essa questão da denúncia”.

O Palácio do Planalto tem adiado o envio de medidas econômicas importantes para o cumprimento da meta fiscal de 2018, de um déficit de R$ 159 bilhões, para evitar gerar clima de insatisfação na base aliada.

Nessa lista estão os projetos que congelam os salários dos servidores no ano que vem, elevam a contribuição previdenciária do funcionalismo de 11% para 14% e tributam fundos exclusivos de investimentos.

Meirelles diz que o importante é que essas medidas sejam aprovadas ainda neste ano e acredita que isso será possível logo depois da votação da segunda denúncia, prevista para a próxima quarta-feira (25).

O ministro da Fazenda afirmou que preferia que essas propostas fossem encaminhadas na forma de medida provisória, porque entrariam em vigor imediatamente, mas admite a possibilidade de irem como projetos de lei.

O motivo da mudança, que está sendo discutida pelo presidente Michel Temer, é evitar maiores atritos com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que tem criticado o governo do peemedebista e ameaça, inclusive, não votar novas MPs.

“A vantagem da medida provisória é que ela entra em vigor imediatamente. Mas pode ser também por projeto de lei para viabilizar um trânsito mais harmônico na Câmara dos Deputados”, afirmou o ministro.