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O auge de Dilma Rousseff: mantida na chefia no banco do BRICS, prestígio do Brasil no mundo

Dilma Rousseff reconduzida a presidência do Brics

Analistas apontam que o fato de Rússia e China sinalizarem apoio à manutenção da ex-presidente no comando do órgão, além de demonstrar prestígio, fortalece as demandas do Brasil no cenário internacional e consolida a posição do país como player importante.

Passada a Cúpula do G20, a diplomacia brasileira volta suas atenções para o próximo grande evento internacional a ser sediado no Brasil, sob liderança brasileira: a Cúpula do BRICS.

Prevista para 2025 e ainda sem sede definida, a cúpula ocorre sob a presidência brasileira do grupo. Trata-se do segundo da tríade de eventos internacionais recebidos pelo país desde este ano. O terceiro será a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para agosto, em Belém (PA).

Apontada como uma vitória da diplomacia brasileira, a Cúpula do G20 conquistou apoio a uma das principais agendas do Brasil: a reforma da governança global. A expectativa agora é que a Cúpula do BRICS reforce essa demanda.

Em entrevista à Sputnik Brasil, analistas apontam como o grupo, que tem um peso econômico maior que o G7, pode contribuir para o Brasil alcançar essa e outras demandas internacionais do país.

Como o BRICS e o G20 se relacionam?

Charles Pennaforte, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador do Laboratório de Geopolítica, Relações Internacionais e Movimentos Antissistêmicos (LabGRIMA), avalia que “o BRICS pode ter uma influência maior dentro do G20, atuando de uma maneira mais coerente e em conjunto nas pautas que são de interesse comum”.

“Eu acredito que a melhor forma que o BRICS tem para atuar é essa. Então existe realmente uma preocupação, na minha opinião, nesse sentido, e o G20 pode ser uma forma interessante de o agrupamento exercer maior influência”, afirma o especialista.

Por sua vez, Luiz Felipe Osório, professor de relações internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e autor do livro “Imperialismo, Estado e Relações Internacionais”, afirma que o G20 converge muito com o BRICS.

Ele frisa que todos os membros originários do BRICS estão no G20 e que “as promissoras economias emergentes já são grandes economias mundiais”.

“Para quem não é do núcleo metropolitano do imperialismo, EUA, Canadá, Europa Ocidental e Japão, ou seja, o G7, em outras palavras, quem não tem força material nem é aliado imediato de quem a tem, o multilateralismo e as instituições internacionais têm um papel importante de servir de palco para as bandeiras e demandas de quem não exerce sua soberania plenamente na cena internacional. Logo, as alianças e articulações que se deem fora do âmbito de completo domínio imperialismo são positivas, pois dão força a quem está por baixo.”

BRICS pode contribuir para a retomada econômica do Brasil?

Sobre a possibilidade de o BRICS contribuir para a retomada econômica do Brasil, Osório afirma que embora o grupo tenha um peso econômico maior, ainda “é o G7 que detém as rédeas políticas, econômicas e militares da ordem mundial”.

“As potências imperialistas que lá estão ainda podem fazer muita pressão sobre Estados como o Brasil, boicotando e sabotando possibilidades de retomada do desenvolvimento econômico.

O que pode ser feito até vem sendo costurado de maneira bem moderada; são acordos bilaterais comerciais e de investimentos. A questão não é como o BRICS pode ajudar o Brasil, mas o que o Brasil quer do BRICS”, destaca.

Para Pennaforte, o BRICS, com sua atuação cada vez maior, tem conseguido chamar a atenção dos países ocidentais, e já existe “certa preocupação nesse aumento de força”.

Segundo ele, a segunda expansão do grupo fortaleceu sua capacidade geopolítica, permitindo maior influência, sobretudo por ter entre seus integrantes dois membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a Rússia e a China.

“Então, nesse sentido, acredito que seja possível nós estarmos construindo neste momento uma nova forma ou uma reforma para a governança global. Logicamente isso não se faz tão rápido. Vai demandar uma série de percalços, mas é o início. Acho que o brilho está dentro dessa perspectiva de provocar essa mudança.”

Dilma reconduzida ao NBD fortalece as demandas brasileiras?

A atuação de Dilma Rousseff na presidência rotativa do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), popularmente chamado de Banco do BRICS, vem sendo exaltada por parceiros do grupo.

A Rússia, que deveria assumir o posto no órgão, cedeu sua vez em favor da permanência de Dilma, e a China também já havia sinalizado positivamente pela manutenção da brasileira no cargo.

Lula tem intenção de reconduzir Dilma ao posto.

Para Osório, a permanência de Dilma no cargo possibilita ao Brasil maior influência sobre o órgão.

“Além de ser um sinal de prestígio e de reconhecimento do bom trabalho desempenhado pela ex-presidente, permite uma influência e sensibilidade maior no Novo Banco de Desenvolvimento em relação às demandas nacionais e com relação direta com o país, considerando todo o poderio financeiro da instituição, que já nasceu com um aporte gigantesco, servindo de alternativa aos foros tradicionais de financiamento, os quais normalmente exigem condições draconianas ou desvantajosas aos países da periferia”, afirma.

Pennaforte diz que não há dúvidas de que a permanência de Dilma Rousseff no NBD demonstra a importância do papel do Brasil não só dentro do BRICS, como também no cenário internacional.

Ele afirma que China e Rússia “reconhecem o papel do Brasil como player, dentro das suas limitações, mas com uma grande importância”.

“Eu só reforço o papel do Brasil e acredito que este é fundamental. Nós temos uma brasileira comandando o principal banco do Sul Global, que faz frente, de algum modo, pelo menos no discurso, às instituições tradicionais que nós temos no mundo, como o FMI [Fundo Monetário Internacional], o Banco Mundial etc. O Brasil consolida seu papel de player importante, logicamente, dentro das suas capacidades.”

Melissa Rocha

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