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Para economista, Copom reduziu taxa de juros por causa da pressão da sociedade

A reunião

O Comitê de Política Monetária(Copom) anunciou o primeiro corte na taxa de juros em três anos, na quarta-feira (03). A redução já era esperada por setores do mercado e cobrada pelo governo federal, movimentos populares e parte de empresários do varejo.

A taxa, que estava mantida até então em 13,75% ao ano, foi reduzida em 0,5 ponto percentual, passando para 13,25%.

Em nota, o Copom afirmou que a diminuição se deve à melhora no quadro inflacionário. Afirmou também que foi iniciado um novo ciclo de política monetária, com expectativas de novos cortes nas próximas reuniões.

“O que aconteceu ontem foi resultado da pressão da sociedade, que teve início a partir da iniciativa do presidente Lula, que colocou o problema dos juros na agenda de discussão política.

O tempo mostrou que ele estava correto. E foi fundamental a troca de dois diretores do conselho de política monetária.

Dois diretores que foram agora indicados pelo governo”, afirmou o economista José Luis Oreiro, professor do departamento de economia da Universidade de Brasília.

Oreiro participou ao vivo da edição desta quinta-feira do programa Central do Brasil, para falar sobre o contexto da redução da taxa de juros no país.

“Me parece que a estratégia que foi anunciada ontem pelo Copom de uma redução de 0,5 ponto percentual por reunião é uma velocidade de redução adequada”, analisou.

Foi a primeira reunião do Comitê com a participação de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária, e Ailton Aquino, da direção de fiscalização. Eles assumiram recentemente as duas funções e foram indicados pelo governo Lula.

Para Oreiro,  algumas coisas básicas mudam a partir de agora, como a referência para os juros cobrados no cartão de crédito, nos empréstimos diretos ao consumidor e também pode incentivar a retomada de investimentos no país.

Mesmo assim, ele analisa, o Brasil permanece com a maior taxa de juros do mundo e que a saída é, na avaliação dele, mudar os indexadores da economia nacional

“O que eu acho necessário para o Brasil conseguir ter taxas de juros e inflação mais baixas é uma desindexação generalizada da economia. Por exemplo, todo ano o contrato de aluguel é reajustado com base no IGP-M.

Só que ele é um índice que capta fundamentalmente a evolução dólar. Quando há uma forte desvalorização do câmbio, o IGP-M aumenta muito, e isso faz com que IPCA aumente muito por causa da indexação. Com isso, o Banco Central reage subindo juros”, apontou.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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