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Seminário no Rio discute integração energética na América Latina

Fontes energéticas na América Latina

A integração dos sistemas energéticos dos países da América Latina e do Caribe trará benefícios também para os consumidores finais, disse o gerente do Comitê Brasileiro da Comissão de Integração Energética Regional (Bracier), Eduardo Veiga Cunha.

A integração dos mercados de energia é tema de seminário que reunirá no Rio de Janeiro, amanhã (17) e depois, representantes do setor de vários países.

Segundo Cunha, a interconexão permite a diminuição dos preços de eletricidade e a consequente redução das tarifas para o consumidor.

“Você tem maior concorrência no mercado, na área de geração e, com isso, consegue diminuir a tarifa”. Outros benefícios da interconexão são o adiamento de investimentos de geração, diversificação da matriz energética dos países, além de maior segurança energética.

Estudo feito em 2010 pela Comissão de Integração Energética Regional (Cier), que será atualizado no encontro, mostrou que a gestão integrada pode gerar uma economia em torno de US$ 1 bilhão em tarifas de energia. O levantamento foi feito com base em 12 planos de viabilidade de projetos de integração.

Um deles vai começar a operar este ano e se refere à interligação de grande porte entre o Brasil, representado pela Eletrobras, e a Administración Nacional de Usinas y Trasmisiones Eléctricas do Uruguai, com capacidade de transferência de potência, nos dois sentidos, de 500 megawatts (MW).

O gerente do Bracier destacou que na medida em que a integração melhora todo o sistema, a necessidade de fazer investimentos na área de geração, que “são muito pesados atualmente”, também diminui.

De acordo com o trabalho da Cier, a interconexão entre os mercados de energia teria evitado em torno de US$ 9,4 bilhões em investimentos em obras de geração e transmissão de energia na região.

A pesquisa funcionará como uma plataforma na internet, que permitirá prover as américas do Sul e Central de um atlas digital georreferenciado dos sistemas elétricos dos países, além de servir de ferramenta para a realização rápida e segura de outros estudos de interconexão. Dezesseis países serão contemplados por esse banco de dados.

A região tem vários projetos de integração energética. Na América Central, há o Siepac, que liga o Panamá, a Costa Rica, Honduras, a Nicarágua, El Salvador e a Guatemala. “É um sistema bem estruturado, tem um mercado, um operador e um regulador”, comentou Eduardo Cunha.

Ele disse que na América Andina, o sistema não está tão evoluído, mas já conta com vários projetos implementados, unindo a Colômbia, Bolívia, o Equador, Peru, a Venezuela.

No Mercosul, além da Usina de Itaipu, projeto construído pelo Brasil e o Paraguai, há projetos de integração entre a Argentina e o Paraguai e entre a Argentina e o Uruguai.

Os 12 planos de viabilidade que integram o estudo Cier 15 preveem também a interconexão entre o Brasil e a Bolívia, que deve “sair do papel”, segundo o gerente do Bracier, porque já existe entendimento  entre ministérios dos dois países.

Outro projeto em que a Cier e o Bracier trabalham é o da interconexão do Arco Norte, que envolverá o Brasil, a Guiana Francesa e o Suriname. Os 12 estudos têm previsão de implementação até 2030.

O gerente afirmou que as integrações energéticas possibilitam, além de reduzir a tarifa, melhorar a confiabilidade e a qualidade do fornecimento  e criar um mercado mais amplo para a distribuição.

“Você aproveita a complementaridade das bacias de diferentes regiões, aumenta o desenvolvimento socioeconômico, consegue fornece energia para mais pessoas”.

Cunha lembrou que a integração deve ser feita de acordo com as necessidades de cada nação, respeitando a autonomia de cada uma e caminhando para o crescimento da região como um todo.

“Não é uma coisa simples. Há desafios”, observou, uma vez que existem peculiaridades socioculturais, diferenças regulatórias estruturais de cada mercado, além de barreiras naturais. Entre essas peculiaridades, ele citou biomas da Amazônia, do Pantanal e dos Andes, que dificultam a expansão das linhas de transmissão.

“São grandes os obstáculos, mas acho que isso não impede a realização das interconexões”. O gerente da Bracier destacou a necessidade de maior harmonização na parte da regulação e na vontade política dos governos, por meio de tratados homologados pelos congressos nacionais, como ocorreu no caso de Itaipu.

Segundo Cunha, a maioria dos países que integram o Cier manifesta vontade política de promover a interconexão. O Comitê Brasileiro da Cier é presidido pelo titular da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto.

Alana Gandra

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