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STJ afasta Witzel do governo do Rio e manda prender ‘pastor” Everaldo

Wilson Witzel foi afastado do governo

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi afastado do cargo nesta sexta-feira (28) pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em meio a uma investigação sobre irregularidades na área da Saúde.

O órgão também mandou prender o presidente do PSC, Pastor Everaldo, segundo informações da analista de política Basília Rodrigues.

A Polícia Federal do RJ e de Brasília foi acionada nesta manhã para cumprir as determinações do STJ na Operação Tris in Idem, um desdobramento da Operação Placebo, que investiga corrupção em contratos públicos do Executivo fluminense.

Entre os alvos, estão o governador do RJ, o vice-governador Cláudio Castro (PSC) e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT).

Witzel não será preso. Com o afastamento dele – com validade inicial de 180 dias –, quem assume o governo do estado é o vice Cláudio Castro. Aos 41 anos, ele é advogado, católico, autor de dois álbuns de música católica e o mais jovem vice-governador do RJ desde a redemocratização.

Operação Tris in Idem

Os policiais federais cumprem 17 mandados de prisão (nenhum contra Wilson Witzel), sendo 6 preventivas e 11 temporárias, e 72 mandados de busca e apreensão na Operação Tris in Idem.

Eles são cumpridos no Palácio Laranjeiras (residência oficial do governador do RJ) e contra a primeira-dama do RJ, Helena Witzel, no Palácio Guanabara (sede do governo do RJ), na residência do vice-governador, na Alerj, além de outros endereços nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Alagoas, Sergipe e Minas Gerais e no Distrito Federal.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), também está sendo alvo de busca e apreensão um endereço no Uruguai, local onde estaria um dos investigados cuja prisão preventiva foi decretada.

Além do Pastor Everaldo (que não tinha cargo no governo), são alvos dos mandados de prisão Lucas Tristão, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, e Sebastião Gothardo Netto, médico e ex-prefeito de Volta Redonda.

Esquema de corrupção

O MPF informou que, a partir da eleição de Wilson Witzel, “estruturou-se no âmbito do governo estadual uma organização criminosa, dividida em três grupos, que disputavam o poder mediante o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos”.

Liderados por empresários, esses grupos lotearam algumas das principais pastas estaduais, como a Secretaria de Saúde, “para implementar esquemas que beneficiassem suas empresas”.

Segundo a Polícia Federal, a operação desta sexta busca desarticular essa “organização criminosa voltada ao desvio de recursos públicos, especialmente em contratos firmados para gestão de saúde e para o combate à pandemia da Covid-19”. Também foram identificados indícios de lavagem de dinheiro por parte do grupo.

A denúncia do MPF ainda cita pagamentos feitos por empresas ligadas ao empresário Mário Peixoto ao escritório de advocacia de Helena Witzel.

A mulher do governador do RJ teria recebido pagamentos da companhia da família de Gothardo Lopes Netto.

O MPF afirma que a contratação do escritório de Helena Witzel, na verdade, era uma forma de dar aspecto de aparente legalidade e um artifício para permitir a transferência indireta de valores para Wilson Witzel.

O investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, peculato, corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro.

A ação desta sexta é realizada por procuradores do MPF, policiais federais e auditores da Receita Federal.

Jéssica Otoboni

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