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MEC tem o menor gasto nos últimos dez anos na educação básica

Retomada pode ser complicada pela falta de uma vacina e o medo de uma "nova onda" da Covid-19

Em 2020, ministério destinou R$ R$ 42,8 bilhões para educação básica, 10,2% menor em comparação a 2019

O gasto do Ministério da Educação, em 2020, com Educação Básica foi o menor da década – apesar do ano marcar desafios históricos causados por  escolas fechadas em meio à pandemia de coronavírus.

O dado é do 6º Relatório Bimestral da Execução Orçamentária do MEC, produzido pela ONG Todos Pela Educação e divulgado na noite deste domingo.

O Todos também lançou a segunda edição do relatório anual de acompanhamento Educação Já!.

O estudo faz um balanço de 2020 e traz as perspectivas para 2021 sobre o andamento das políticas públicas educacionais. Segundo a análise da ONG, “o que se constata na atual gestão do MEC é uma grave ausência de coordenação nacional, de liderança e de gestão”.

“O MEC poderia, por exemplo, ter criado uma linha específica para adaptação de infraestrutura escolar para a pandemia.

Outra coisa que poderia ter feito era ter ajudado estados e municípios a incluir digitalmente seus alunos”, conta Lucas Hoogerbrugge, gerente de Estratégia Política no Todos Pela Educação.

“O ministério tem a possibilidade de repassar o dinheiro já destinando onde ele deve ser gasto. Essa é uma forma de conduzir políticas”.

Sem a ação do governo federal, mais de seis milhões de alunos chegaram ao fim do ano sem acesso às aulas, segundo dados do IBGE .

Além disso, o país foi um dos que teve as escolas fechadas por mais tempo no mundo. Foram 40 semanas durante a pandemia, praticamente o dobro do tempo visto nos outros países (22 semanas).

A conclusão é de um relatório divulgado em janeiro pela Unesco. Para piorar, um contingente expressivo de estudantes teve problemas durante o ano com falta de conectividade e de equipamentos adequados para estudar de casa. Foi o que aconteceu na casa de Letícia Peres, de 16 anos.

“Não tenho computador, nem wi-fi em casa. Tentei fazer as aulas pelo celular com dados móveis, mas foi impossível porque ele não suportava os aplicativos. Então, fiz o ano por apostilas. Para mim, foi um ano perdido. Sinto que não aprendi nada”, conta a jovem que está no terceiro ano do ensino médio do Ciep 026, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminese.

Perda de aprendizagem

De acordo com a pesquisa “Perda de aprendizado no Brasil durante a pandemia de Covid-19 e o avanço da desigualdade educacional”, coordenada pelo economista André Portela de Souza, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ano de 2020 causou uma perda de aprendizagem de até 72% nos alunos em relação ao que aprenderiam em um ano típico tanto nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) como no Ensino Médio .

“Me formei no ano da pandemia. Até junho, fui me esforçando para poder fazer as matérias. Mas tive muita dificuldade. Sem conseguir tirar dúvidas com os professores , comecei a me sentir burra e abandonei os estudos até novembro. Voltei para terminar o ano fazendo apostilas com respostas que peguei na internet. Fiz isso porque não sabia responder. Me formei, mas não aprendi nada”, diz Evelin Sumar, de 19 anos, moradora de Nova Iguaçu.

Agência Estado

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