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A EROSÃO TRICOLOR /POR CRISTIANO ALVES

Jornalista e Radialista Cristiano Alves

O Fluminense “bravo touro pioneiro, alegria da torcida tricolor” a muito tempo vem sofrendo uma verdadeira erosão. E os sinais mais visíveis disso puderam ser constatados nos três últimos processos eleitorais, quando sequer 100 sócios ou conselheiros habilitados apareceram para exercer o direito do voto e assim escolherem aqueles que comandam os destinos da equipe.

Na eleição de Ícaro Ivvin, esta semana, 57 pessoas compareceram para votar e ele foi eleito com 37 votos, enquanto outros 18 votaram em branco. Quando Deraldo Conceição foi eleito no começo do ano 61 votos e outros três foram em branco e no final de 2019, Everton Carneiro, o Pastor Tom foi eleito com 69 votos, outros 10 votos foram em branco, num total de 79 pessoas habilitadas a participarem do processo.

Os números acima não refletem a quantidade de pessoas aptas a participarem do pleito, porém revelam a retração e claro desinteresse da sociedade feirense em seus mais diversos setores em relação ao Fluminense e tudo isso reflexo das más administrações construídas em cima de acasos, sempre se tentando aproveitar a “crista da onda”: quem soube aproveitar e se equilibrar na prancha conseguiu bons resultados, com trabalhos de relevância. Porém quem não se equilibrou levou o “maior caldo” e se afundou.

Prestes a viver o seu terceiro rebaixamento na história, clube talvez viva o seu momento mais crítico marcado por um enredo mais ou menos parecidos com as quedas anteriores.

Em 1998, o emergente João Falcão – que tinha feito um bom trabalho como diretor de patrimônio – assumiu a direção do Fluminense que naquele ano começava a temporada com uma base remanescente do Campeonato Seletivo de 1997 que lhe garantiu na Copa do Nordeste agregada com alguns valores revelados no Intermunicipal.

Começou com o saudoso Gilson Porto no comando, depois foi substituído por Miltinho Simões, na sequência veio Natanael Ferreira e por fim coube ao saudoso Carlos Cezar a triste missão de comandar o Touro do Sertão no fatídico jogo no Joia da Princesa em que o time perdeu para o Poções por 1 x 0.

Já em 2013, Rubem Cerqueira que já tinha sido presidente do Conselho Deliberativo tinha a oportunidade de comandar o time pela primeira vez.

Naquele ano Zanata foi o treinador e saiu em meio a uma polêmica: foi acusado de “comer bola” de um empresário para colocar atletas dele no time.

Uma série de desmandos administrativos aconteceram, aliados à falta de dinheiro culminaram em mais um rebaixamento e posterior a isso uma celeuma com relação à saída do presidente.

A eminente queda de agora, em relação à anteriores tende a ser a pior porque ela não está acontecendo agora e na verdade começou a se desenhar a dois, três anos atrás pois o modelo centralizador de gestão travou qualquer possibilidade de mudança.

Decisões equivocadas, aliadas à falta de dinheiro e principalmente de um planejamento foram o início do fim, sendo que houve a chance de mudar o quadro, porém a vaidade e o egoísmo sufocaram qualquer chance, qualquer possibilidade, apagaram qualquer que pudesse existir no fim do túnel.

Agora é fácil encontrar muitos “médicos” para darem as moletas ao doente do Fluminense que está com as “pernas quebradas”.

É fácil aparecerem heróis, salvadores da pátria e por que antes não apareceram?

Por que o desespero?

Muitos estavam esperando a desgraça acontecer para agirem. Outro sinal da erosão é com relação à imprensa: nos bons tempos se tinha quatro emissoras de rádio, ou mais, transmitindo a par e passo os jogos, seus noticiários tendo sempre predomínio o Fluminense.

Hoje são poucos os noticiários e somente uma emissora de rádio está transmitindo as partidas.

Não se pode fazer uma manifestação, um comentário, uma crítica porque os profissionais estão sendo literalmente “linchados” em redes sociais, sendo taxados de vagabundos.

E o que estão fazendo com o Fluminense é uma verdadeira vagabundagem.

Quando sinais começam a aparecer é porque a coisa realmente não está boa e se a comunidade virar as costas de vez ai o Fluminense se afunda de vez no buraco que cada dia mais vai se abrindo, a cada novo insucesso.

Antes que isso aconteça todos devem dar as mãos e lutarem para o Touro não cair de vez.

Cristiano Alves

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