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Como serão e quem fará os exames antidoping nos Jogos Rio 2016

Desafio: realizar grande número de análises em um curto espaço de tempo

Há um ditado que diz que ninguém escapa da morte e dos impostos. Para os atletas Olímpicos, mais um item poderia ser acrescentado: ser submetido ao exame antidoping.

A lista oficial das substâncias proibidas nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 (e todas as competições da temporada), elaborada pela Agência Mundial Antidoping (Wada), entrou em vigor no dia 1º de janeiro.

A versão em português, tradução da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), também já está disponível para consulta.

Que remédios um atleta pode tomar?

Quais são proibidos?

Existem alimentos que não podem ser consumidos?

As respostas estão nos documentos.

Exames antidoping têm sido realizados nos eventos-teste dos Jogos Rio 2016, assim como acontecerá nas competições Olímpicas e Paralímpicas.

O trabalho é de responsabilidade da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), em parceria com o Comitê Rio 2016.

Em princípio, segundo informações, mais da metade da equipe que vai trabalhar no Rio 2016 virá do exterior.

O procedimento é normal por causa do porte da operação dos Jogos Olímpicos, maior do que a de qualquer outro evento esportivo.

“Vai vir gente da Europa, Américas, Ásia, África e Oceania para trabalhar ao lado dos brasileiros”, segundo confirmou o Dr. De Rose. Os procedimentos seguem as recomendações da Agência Mundial Antidoping (Wada), que padronizou as regras para análise em todo o planeta.

Para quem não conhece como funciona um exame antidoping, Rio2016.com elaborou um questionário com as perguntas mais comuns e suas respostas.

 

O que é doping?

Doping é quando um atleta compete utilizando substâncias ou métodos proibidos – em geral, para melhora do desempenho.

O exame é para todos?

Todo atleta pode ser submetido a exame antidoping. Usain Bolt, Michael Phelps ou o atleta do país com a mais modesta tradição Olímpica podem ser chamados a qualquer momento para coleta de amostras, que podem ser de sangue ou urina.

Eles têm a obrigação de atender à convocação, ou ficam sujeitos a severas punições, seja suspensão de participação em competições ou a anulação de resultados em eventos já realizados.

Quanto mais bem-sucedido o atleta, mais analisado ele será. A Wada tem uma lista de destaques do esporte mundial que são monitorados de perto e podem ser submetidos a exames surpresa.

Eles precisam comunicar regularmente à entidade máxima de controle de dopagem onde estarão.

É possível que um astro esteja dormindo na sua casa e seja acordado de madrugada para participar de um exame surpresa?

A resposta é sim. E ele deve atender à convocação na hora.

Quais são as regras?

Para garantir que todos sejam avaliados da mesma forma e que as amostras não corram risco de contaminação, a Wada estabeleceu um método de trabalho chamado cadeia de custódia, com regras a ser observadas por atletas, escoltas, agentes de controle de doping. Se os atletas têm obrigação de realizar os exames sempre que solicitados, os oficiais de doping e técnicos precisam colher, transportar e analisar amostras de forma adequada – ou o resultado pode ser anulado, e fiscais e laboratórios, punidos.

Como o exame acontece?

A análise em competição começa quando o atleta é notificado pelo oficial de escolta de que ele foi escolhido para participar do exame antidoping. A partir daí o oficial não pode mais perder o analisado de vista até que ele entre na área de coleta de amostras – muitas vezes o oficial acompanha o escolhido em cerimônias de premiação, entrevistas ou outros compromissos pós-competição.

E não adianta ficar irritado, como fez o jogador chinês Lin Dan ao ser convocado durante o evento-teste do badminton para os Jogos Rio 2016. É verdade que o procedimento pode ser maçante – podem se passar horas até que o corpo consiga produzir uma amostra de urina (foi caso do astro chinês). No entanto, é preciso garantir que o melhor vença e que todos estejam protegidos de adversários trapaceiros.

Quando o atleta chega à área da coleta de amostras deve preencher um formulário e fornecer seu sangue ou urina para análise. No caso do sangue, ele é retirado com a seringa e colocado em dois frascos.  No caso da urina, o analisado vai até o sanitário.

Ele tem de urinar na frente de um fiscal (do mesmo sexo) e também encher dois frascos.  Os oficiais não tocam nos frascos até que eles sejam fechados pelo atleta. Os recipientes são identificados por código de forma que quem faz a análise no laboratório não sabe a quem pertence a amostra.

O material é acondicionado em local protegido e transportado até o laboratório. Um frasco será usado para análise. O outro, guardado para a eventual necessidade de contraprova.

Se o atleta for convocado para fazer o exame em casa, ou no local de treino, o procedimento é praticamente o mesmo. A partir do momento da convocação, o atleta não poderá ficar longe dos olhos da escolta sob nenhuma hipótese.

Porém se ele quiser fazer coisas da sua rotina, como terminar um treino, tomar café da manhã ou assistir TV até que tenha condições de fornecer uma amostra de urina, o oficial deve esperar pacientemente.

E se deu positivo?

Em caso de resultado positivo, a entidade responsável pelo exame é notificada e aí é conhecida a identidade do atleta flagrado. Ele tem direito à defesa e a pedir o exame da contraprova, que é a análise do conteúdo do segundo recipiente com amostra de urina ou sangue coletado no dia do exame antidoping.

E se o atleta afirmar que se dopou por engano ou consumiu alimento contaminado sem saber?

Ele é responsável por tudo o que consome. Segundo a ABCD, dizer que não houve intenção, culpa, negligência ou qualquer outra justificativa não elimina a violação das regras antidopagem. No entanto, a prova de que a contaminação não foi proposital pode diminuir a punição.

É possível que a amostra tenha sido contaminada depois da coleta do exame?

É raro, mas se for comprovado que a cadeia de custódia não foi obedecida, o exame pode ser anulado e o atleta inocentado. Fiscais e laboratórios podem ser punidos.

Se o atleta ficar doente ele não pode tomar remédios?

Pode, mas deve tomar cuidado para não recorrer a substâncias proibidas. A Wada divulga anualmente uma lista do que não é permitido, e o atleta deve prestar atenção para não utilizar nada que faça parte da lista.

E se o remédio que ele precisa tomar for proibido e não existir uma opção liberada pela Wada?

Ele pode pedir uma autorização de uso terapêutico. Quando concedida, ela permite ao atleta utilizar um remédio que consta na lista da Wada. Na autorização constarão a dosagem e o número de dias em que o atleta vai usar o remédio.

Por que algumas substâncias que não causam melhora no desempenho são proibidas?

Algumas substâncias, como os diuréticos, podem ser usadas para mascarar (disfarçar) o uso de uma substância proibida.

Onde está a lista com as substâncias proibidas?

A Wada publica anualmente uma lista atualizada. A versão em português pode ser obtida no site da ABCD.

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