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Fernando Prass merecia uma despedida digna do Palmeiras

Prass recebeu uma placa do presidente Maurício Galiotte — Foto: Felipe Zito

Não seria exagero dizer que a despedida de Fernando Prass do Palmeiras foi tímida e humilde, principalmente quando consideramos a representatividade do goleiro na história recente do clube.

O discurso do presidente Maurício Galiotte para Prass, que foi presenteado com um quadro e uma placa, até que foi bonito, oficializando o atleta de 41 anos como ídolo dos palmeirenses. Mas foi pouco.

Prass deu o sangue pelo Palmeiras. Literalmente – o goleiro foi atingido por estilhaços de uma xícara atirada por torcedores que tinham Valdivia como alvo, no aeroporto em Buenos Aires.

Prass defendeu o clube dando a cara a tapa, quando o goleiro foi alvo de socos de três jogadores do Peñarol durante uma batalha campal que tinha Felipe Melo como principal motivo da ira dos uruguaios.

Prass deu título ao Palmeiras. E não era qualquer conquista. Foi a primeira na nova casa, a primeira da reconstrução do clube, com direito a pênalti defendido e a gol feito na última cobrança. Naquele lance, o goleiro consolidou o resgate do Verdão, hoje acostumado a ser novamente protagonista.

É bem nítido que Alexandre Mattos nunca viu Prass como prioridade. Ao contrário disso. No período de gestão do antigo diretor de futebol, o Verdão apostou em Aranha e Vagner antes de ver Weverton finalmente se firmar na posição.

A última entrevista coletiva na Academia de Futebol deixou evidente que o goleiro precisou de apoio de Paulo Nobre, de Felipão e de Maurício Galiotte para ver sua história no Verdão chegar até 2019.

A manobra contratual revelada pelo colega Danilo Lavieri, no Uol, que estabelecia a renovação de Jailson para 2020 antes mesmo de 2019 começar, colocou um ponto final na trajetória de Prass.

O clube avalia que a diferença de idade teve peso na decisão, além de ver semelhança técnica nas duas opções para reserva imediato. Nada contra Jailson, que também tem história no clube e méritos para permanecer mais tempo.

Mas o Palmeiras poderia ter dado mais a Prass. Um último contrato, um jogo para uma despedida mais calorosa como a feita pela principal organizada do Verdão, ou honra de ter um dos seus principais jogadores vestindo a camisa alviverde até o último dia da carreira.

Tudo, porém, vai ficar na memória do torcedor. Mas foi uma bela história. A defesa em chute de Fred na Copa do Brasil, o gol na final contra o Santos, o pênalti defendido de Lucca no Dérbi, a entrada em campo na partida contra a Chapecoense ou o abraço em Weverton e Jailson no gramado de São Januário são exemplos de lances inesquecíveis para o torcedor.

Os caminhos do clube e do goleiro se separaram na última terça-feira, mas será impossível tirar Fernando Prass da história do Palmeiras.

Fernando Prass carrega Gabriel Jesus na festa pelo título brasileiro de 2016 — Foto: Marcos Ribolli
Fernando Prass carrega Gabriel Jesus na festa pelo título brasileiro de 2016 — Foto: Marcos Ribolli

Felipe Zito

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