Tempo - Tutiempo.net

Flamengo investe pesado para se aproximar dos grandes clubes europeus

jogadores do Flamengo. Foto:Reprodução Instagram

Os muitos milhões que investiu para montar um elenco cheio de estrelas, sob o comando de Jorge Jesus, mudaram o patamar do time do Flamengo, líder do Campeonato Brasileiro e semifinalista da Libertadores. A chegada de um técnico estrangeiro e atletas de “nível europeu” como Filipe Luís e Rafinha, por exemplo, e a grande mobilização nacional em volta da equipe, fez o clube entender que precisava mudar de patamar também a estrutura em volta dos atletas.

O sarrafo aumentou. No Ninho do Urubu, os jogadores têm tudo que precisam, e o Flamengo passou a investir também para cercar o time com tudo o que há de melhor, com o objetivo de que nada atrapalhe o desempenho em campo. A ideia é dar ao elenco uma estrutura logística do mesmo nível dos grandes clubes da Europa e da seleção brasileira. A missão no dia a dia fica a cargo dos supervisores Gabriel Skinner e Márcio Santos, sob a supervisão do gerente de futebol Paulo Pelaipe.

Avião executivo fretado pelo Flamengo para o trajeto de Curitiba a Fortaleza — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
Avião executivo fretado pelo Flamengo para o trajeto de Curitiba a Fortaleza — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

O sucesso do time aumentou proporcionalmente o assédio aos jogadores e, para controlar melhor o contato com os fãs e, principalmente, diminuir o desgaste do elenco com as longas e numerosas viagens, uma das medidas foi pagar por voos fretados. Na Libertadores, todos os trajetos foram em aviões exclusivos. No Brasileiro, em cerca de 50% dos jogos, com um aumento nesta reta final da competição.

A ida para Curitiba, onde venceu o Athletico-PR, foi assim. Da capital paranaense, o time foi direto para o Ceará, onde, nesta quarta-feira, enfrenta o Fortaleza. A viagem, por ser mais longa do que o normal, foi feita em um avião executivo de 50 lugares com bancos reclináveis, que oferecem maior conforto.

Falta de controle na chegada ao aeroporto de Salvador mudou o planejamento do Fla — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
Falta de controle na chegada ao aeroporto de Salvador mudou o planejamento do Fla — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Nos voos fretados, os atletas podem ficar sozinhos nas fileiras, esticar as pernas com mais facilidade e fazer tratamento durante o tempo no avião. Para isso, em algumas das viagens o clube tem levado dois fisioterapeutas, dois médicos e fisiologista. Em alguns jogos, como o da Libertadores no Equador e contra o Grêmio, em Porto Alegre, até um cozinheiro foi junto com a delegação.

Além da expectativa de que estes cuidados possam surtir um efeito positivo na preparação e recuperação dos atletas, a aposta é de que esta estrutura seja mais um diferencial para o Flamengo quando negociar futuramente com grandes estrelas do futebol mundial.

Privacidade nos aeroportos e recepção de Seleção nos hotéis

No aeroporto do Rio de Janeiro, a delegação rubro-negra utiliza o mesmo esquema, por exemplo, das seleções que disputaram a Copa América e dos astros que participaram do Rock in Rio. Os jogadores embarcam e desembarcam pelo salão nobre da área administrativa, onde há máquinas de Raio-X exclusivas e um menor assédio, o que agiliza o processo. 

Gerson durante voo de Curitiba para Fortaleza — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
Gerson durante voo de Curitiba para Fortaleza — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

A tentativa de deixar o processo de embarque e desembarque mais tranquilo e ágil foi ampliada também para os outros aeroportos do país. A delegação costuma optar pela saída sem passar pelas áreas comuns. No início, não foi fácil convencer as autoridades locais. Por que apenas o Flamengo teria esse privilégio? O clube precisou argumentar que o atual time alcançou uma proporção diferente, com mobilização nacional.

O caso mais emblemático e que escancarou a necessidade de uma mudança de estratégia foi a chegada do time em Salvador para o duelo com o Bahia. Na ocasião, a multidão fez uma grande festa, mas deu muito trabalho para os seguranças do aeroporto e do Flamengo, que tiveram dificuldades para levar os atletas até o ônibus.

O contato dos jogadores rubro-negros com os torcedores agora acontece com mais frequência na chegada aos hotéis nas cidades onde o time vai jogar. Para isso, o “esquema de seleção brasileira” também é repetido, com muitos seguranças e grades para controlar o acesso. Assim, os atletas conseguem atender aos pedidos de fotos e autógrafos de forma mais ordenada, se assim desejarem.

Andares exclusivos nas concentrações não impedem alguns casos de tietagem

Dentro dos hotéis, quando não é possível fechar o local e deixá-lo exclusivo para quem faz parte do departamento de futebol do clube, como aconteceu em Viamão-RS para os jogos contra Internacional e Grêmio, pela Libertadores, o clube reserva um ou dois andares para aumentar a privacidade. Em Porto Alegre, por exemplo, nem os vice-presidentes de outras pastas ficaram no resort junto com os jogadores.

Há também a preocupação em dar tranquilidade aos atletas durante as refeições, os “treinos de sala” de Jorge Jesus e atividades físicas. Quando é possível, utilizam elevadores de serviço e passagens por dentro das cozinhas, por exemplo, algo que também é comum na seleção brasileira. Até pouco tempo, não era raro hóspedes abordarem os jogadores entre uma garfada e outra durante as refeições.

Bruno Henrique em uma chegada a Curitiba, ainda com a logística antiga — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
Bruno Henrique em uma chegada a Curitiba, ainda com a logística antiga — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Antes desta mudança de patamar da equipe, o Flamengo viajava com dois seguranças. Agora, leva quatro e contrata mais profissionais locais para o auxílio, chegando a oito ou dez, dependendo da demanda de cada cidade. Apesar de todo o cuidado, algumas situações são difíceis de serem evitadas. No jogo contra a Chapecoense, por exemplo, alguns hóspedes dormiram no corredor do hotel para tentar o contato com Jorge Jesus. O mister é alvo de tanta tietagem quanto os principais astros da equipe, como Gabigol.

Viagens casadas e logística para antecipar a chegada dos convocados

Também com o objetivo de diminuir ao máximo o desgaste físico neste momento decisivo da temporada, o departamento de futebol optou por algumas “viagens casadas”. Depois do jogo contra o Grêmio, pela Libertadores, o time não retornou ao Rio. Treinou em Porto Alegre e foi direto para Chapecó. Agora, contra o Athletico-PR, o esquema foi repetido. A equipe treinou em Curitiba e foi direto para Fortaleza, onde joga na quarta-feira. Os gastos aumentam, mas há a percepção de que vale a pena.

Para ter Gabigol e Rodrigo Caio mais rápido e em melhores condições de serem utilizados na próxima rodada, o Flamengo também colocou a mão no bolso. Comprou passagens para os jogadores irem de Singapura direto para Fortaleza, com conexão em Amsterdã. Assim, eles retornaram antes dos outros atletas da seleção brasileira e já estão concentrados com os companheiros.

Na Libertadores, time ficou em um resort exclusivo em Viamão-RS — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
Na Libertadores, time ficou em um resort exclusivo em Viamão-RS — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

O clube solicitou aos dirigentes da CBF que o fisioterapeuta do clube, Fabiano Bastos, ficasse junto com Gabigol e Rodrigo Caio no hotel do Brasil. Ele também esteve ao lado dos atletas no voo de volta para auxiliar na recuperação física.

Em ocasiões anteriores, o Flamengo também investiu para ter mais rápido seus jogadores à disposição. Aconteceu, por exemplo, com Bruno Henrique no retorno dos Estados Unidos e com Arrascaeta após defender o Uruguai na China. Nesse caso, o meia foi direto do aeroporto para o Maracanã para participar da semifinal da Taça Rio, contra o Fluminense.

A expectativa no clube é de que o investimento se transforme em títulos e se pague com o sucesso do time.

Fred Huber

OUTRAS NOTÍCIAS