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Lukaku e Kessié são vítimas de racismo na Itália.

Lukaku, da Inter de Milão, em ação contra a Udinese — Foto: REUTERS/Daniele Mascolo

Dois episódios mancharam a rodada mais recente do Campeonato Italiano e rechearam o debate sobre racismo no país europeu, que retornou à tona desde que Lukaku foi vítima de injúria racial por parte da torcida do Cagliari duas semanas atrás. O atacante da Inter de Milão está novamente no centro das atenções, dessa vez acompanhado por outro colega negro: Franck Kessié, volante do Milan.

No sábado, a Inter de Milão venceu a Udinese por 1 a 0 no San Siro e assumiu a liderança isolada da competição. Lukaku teve atuação discreta, foi substituído por Lautaro Martínez no início do segundo tempo, mas ainda assim recebeu elogios da crônica esportiva. Sobretudo, porque está fazendo um grande início de temporada: já são dois gols em três jogos pela Inter.

Um dos que elogiou o belga foi Luciano Passirani, experiente ex-técnico de equipes como Atalanta e Lecco e atual comentarista do canal “Top Calcio 24”. No entanto, em meio aos elogios, Passirani foi infeliz:

– Lukaku é um dos jogadores mais fortes, eu gosto dele porque ele tem força. É o alter ego de (Duvan) Zapata, da Atalanta. Eles têm algo a mais que os outros, não há o que fazer. Eles marcam gols e levam seus times adiante – introduziu muito bem o comentarista, antes da sugestão racista:

“Se você for no um contra um, ele vai te matar. Para pará-lo, você tem que jogar 10 bananas para ele comer”.

A repercussão obviamente foi negativa. No mesmo dia, Fabio Ravezzani, diretor do programa em que Passirani participa, apareceu ao vivo para comunicar que o comentarista seria afastado por tempo indeterminado do canal.

Kessié é outra vítima

No domingo, foi a vez do Milan ir a campo e vencer o Hellas Verona fora de casa, também por 1 a 0, o gol solitário marcado por Piatek de pênalti. Os rossoneros estão em sexto lugar na competição, com seis pontos – três atrás da líder Inter. Contudo, a partida foi marcada por manifestações racistas.

Diversas testemunhas, bem como os jornais do país, relataram vaias e sons de macaco por parte da torcida do Verona toda vez que Kessié, volante negro do Milan, tocava na bola. Caso similar ao que aconteceu, por exemplo, com Lukaku e Moise Kean (ambos os episódios no estádio do Cagliari) recentemente.

Kessié, do Milan, em ação contra o Hellas Verona — Foto: Alessandro Sabattini/Getty Images
Kessié, do Milan, em ação contra o Hellas Verona — Foto: Alessandro Sabattini/Getty Images

O perfil oficial do Hellas nas redes sociais, por sua vez, negou com veemência que os protestos tenham tido cunho racista.

– Nós vaiamos Kessié? Insultamos Donnarumma? Talvez alguém tenha ficado atordoado com os decibéis dos torcedores Gialloblù (como são conhecidos os fãs do Hellas). As vaias, inevitavelmente, foram para as decisões da arbitragem, que ainda nos deixam perplexos. Em seguida, vários aplausos para os nossos “gladiadores” no fim do jogo. Nós não nos encaixamos nesses estereótipos. Respeitem o Verona e o povo de Verona – escreveu o perfil do clube.

Em meio aos seguidos episódios discriminatórios, Dzeko, centroavante bósnio da Roma, deu algumas declarações bastante pertinentes em entrevista à “Sky” da Inglaterra. O jogador de 33 anos pediu principalmente uma intervenção urgente da federação italiana.

– O racismo é um problema muito maior na Itália do que em outros países, especialmente na Inglaterra. Eu espero, pelo bem dos jogadores, que esses casos cheguem ao fim, e que a federação seja capaz de enxergar e tentar parar isso de qualquer maneira – afirmou o jogador da Roma.

– Até hoje essas coisas acontecem. Na Inglaterra, a situação definitivamente melhorou, há cada vez menos racismo lá. Na Itália, o problema é muito maior do que eu acreditava. A federação precisa proteger os jogadores. É o único jeito. Se você escutar alguém, você deve bani-lo do estádio. Eles não podem ir mais, nós não precisamos dessas pessoas – concluiu.

Dzeko, da Roma, em ação numa partida contra o Porto — Foto: Reuters
Dzeko, da Roma, em ação numa partida contra o Porto — Foto: Reuters

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