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Pedro Piquet é o piloto titular da equipe Trident na GP3

Com Pedro, sobrenome Piquet voltará aos fins de semana da F1 depois de nove anos

Anunciado na manhã desta segunda-feira como piloto titular da equipe Trident na GP3, uma das principais categorias de acesso à Fórmula 1, o brasileiro Pedro Piquet terá um grande desafio nesta temporada. Afinal, todo jovem almeja seguir firme na escalada rumo à principal categoria do automobilismo, e as disputas são ferrenhas não só dentro como fora da pista.
Por fazer parte do programa da Fórmula 1, a GP3 atrai a atenção dos chefes das grandes equipes, que estão sempre no garimpo de novos talentos. Dos oito campeões da categoria até hoje, cinco chegaram à competição máxima. Hoje piloto da Mercedes, Valtteri Bottas, por exemplo, foi campeão da fórmula de base em 2011. Portanto, mostrar serviço na pista e construir uma boa reputação no paddock são aspectos fundamentais.

É um grande salto esse da Fórmula 3 para a GP3, e estava na hora de o Pedro provar coisas diferentes. Ele estava num sistema viciado na F3, numa equipe que não era de ponta, e por mais que você acelere, acelere, não consegue resultado, desanima um pouco. Então é sangue novo, vida nova, cria uma expectativa em mim. Agora, além de tudo, ele está diante do pessoal da F1. Está na hora do “vai, ou não vai”, e eu acredito nele. Esse é o ano – opina o comentarista Reginaldo Leme.
De fato, nas duas temporadas em que competiu na Fórmula 3 Europeia, Pedro teve dificuldades com a equipe holandesa Van Amersfoort. O motor Mercedes não era o mais competitivo do grid, sobretudo no ano passado. Na GP3, todos os carros, motores e pneus são iguais. E, para o engenheiro Felipe Vargas, que sempre trabalhou com Pedro desde o começo nas categorias de base, o conjunto se encaixa melhor ao estilo de pilotagem do brasiliense.

Pedro já tinha aprendido o suficiente, só que as coisas não estavam se encaixando na F3. Então o passo natural era esse mesmo. Ele andou muito bem nos treinos coletivos, vai poder aplicar os pontos fortes que tem, ou seja, estratégia, pensar a corrida, cuidar do carro, dos pneus. Na GP3 as corridas são mais longas, o carro desgasta mais, enquanto na F3 as provas são muito curtas.
Para Nelsinho Piquet, o irmão já poderia ter estreado na GP3 no ano passado, uma vez que na Fórmula 3 Europeia é muito difícil encaixar um resultado quando não se está numa das principais equipes, o que sempre pode abalar a confiança do piloto.
– Estava na hora de mudar de categoria. Na F3 é preciso estar num carro bom para ter resultado, e tem um pouco de política. Ele não estava numa equipe boa, e não vale a pena ficar numa categoria sem um bom carro. Na GP3, o regulamento é mais restrito como na F2, e, para a cabeça dele, era bom dar uma zerada. É um carro que você pilota mais como um carro grande, diferente da F3. Ele poderia ter feito isso um ano atrás. Nessa fase de pilotos novos, você ter bons resultados por dois ou três anos seguidos dá confiança, muda muito. Outra coisa é quando você é mais velho e tem dois ou três anos ruins, você sabe que é capaz e já fez, é difícil mas você sabe manejar melhor do que um piloto jovem, que se duvida muito – apontou.

Na opinião de Nelsinho, o cenário perfeito para Pedro seria saltar no ano que vem para a Fórmula 2, categoria que tem desde o ano passado o compatriota Sérgio Sette Câmara, com quem Piquet correu na Fórmula 3 Europeia em 2016:
– O mais importante é ele ter forças políticas e resultados para conseguir uma boa vaga na F2, para dar o passo decisivo para a F1. Primeiramente ele precisa criar o espaço dele para conseguir escolher uma equipe boa no ano que vem.
Felipe Vargas se mostrou animado com o acordo com a Trident, equipe vice-campeã da GP3 no ano passado, após vencer quatro corridas.
– Venho conversando com a Trident desde o fim do ano passado, fez um teste e foi muito bem. O ambiente na equipe é bom. ele se deu bem com o engenheiro, e o comando da equipe é muito atencioso, eles atendem tudo que a gente sempre coloca. Foi a escolha natural – afirmou.

Por fim, Nelsinho comentou que o foco nas atividades de pista – e mesmo simuladores – é fundamental para Pedro ser competitivo e também chamar a atenção das equipes das categorias acima da GP3. Piquet citou inclusive o caso daquele que é considerado “o novo Lewis Hamilton”:
– Ele precisa entrar com a cabeça fresca e confiante. A equipe é considerada uma das melhores, ele tem uma experiência muito boa de F3, o Pedro é dos que mais andaram na F3. É tentar pilotar o máximo possível, hoje os pilotos novos, entre simuladores e kart, estão andando constantemente. O simulador até ajuda a fazer uma rede de contatos e conhecer pessoas, igual o Lando Norris (inglês, líder do campeonato da F2 e piloto reserva da McLaren), que é muito bom e ainda anda bem no simulador, o que abriu os olhos de muita gente. É aproveitar o máximo, não se concentrar em outras coisas como patrocinadores e imprensa, é focar o máximo em pilotar, esquecer o resto.
Pedro Piquet estreia na GP3 no próximo fim de semana na rodada dupla de Barcelona, na Espanha. Os canais SporTV farão a cobertura de todas as nove rodadas duplas da temporada 2018 da GP3. A primeira corrida de Barcelona, no próximo sábado, terá largada às 5h15 (de Brasília). Domingo, às 5h25, o SporTV3 mostra a segunda prova.

Fred Sabino e Rafael Lopes

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