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Quem diria, um bisneto do “Duce” brilha no Sub-18 da Lazio de Roma

Bisneto de Mussolini é jogador da Lazio

No seu registro oficial, como um integrante da esquadra Sub-18 da Società Sportiva Lazio, da capital da Velha Bota, está escrito: Floriani Romano, data de nascimento 27 de Janeiro de 2003, posição defensor, número 12.

De todo modo, na sua documentação formal de cidadão se lê um nome enorme e com dois segmentos distantes mas, ao se aproximarem, de resultado impactante: Romano Maria Benito Mauro Magid Andrea Mussolini Floriani. Benito & Mussolini.

Como o “Duce” fascista que desmandou na Itália de 1922 a 1943, até que acabou dependurado pelos tornozelos depois de capturado por “partigiani” que não mais toleravam o sofrimento de sua pátria aliada ao Nazismo durante a II Guerra Mundial.

Romano, em homenagem a um avô que, embora o caçula do “Duce”, nunca se interessou pelas coisas da política e brilhou como um respeitável pianista de Jazz.

Maria, em honra de uma avó, esposa de Romano, irmã de uma certa Sophia Loren. Benito, porque ninguém pode escolher os ascendentes. Mauro, como o papito Floriani, um policial. Magid como o segundo esposo de Maria.

E Andrea como o marido de Elisabetta, irmã dileta da mamãe Alessandra, a filha mais velha de Romano que, ao invés de perseguir a carreira artística do “babbo” optou pela herança do “Duce” e aderiu à Direita de Sílvio Berlusconi.

Alessandra foi deputada, foi senadora e depois chegou, inclusive, a integrar o Parlamento da Europa.

Ninguém aposte que, nesse cenário familiar, tão cheio de contradições, o garoto Romano saboreou uma infância, digamos, tranquila.

Política à parte, a mamãe Alessandra tentou os palcos e o cinema, uma tarefa inglória, brutal, para uma sobrinha da grande Sophia Loren. Também tentou se tornar modelo de moda e, no máximo, em duas ocasiões, virou capa da revista “Playboy”.

Chegou a se arriscar na música mas, para a tristeza do papito jazzista, lançou um álbum “pop” no Japão, hoje um item de colecionadores de absurdos.

Somente funcionou na política sob as asas de Berlusconi, que apostou mais no Mussolini que no talento eventual de Alessandra.

Daí, pior, muito pior, em 2013, o garotinho Romano teve que amargar a prisão do pai Mauro, um dos quase 50 componentes de uma quadrilha de pedófilos e de acobertadores de uma bem alentada rede de prostituição infantil.

Afortunadamente, e aparentemente, o “Calcio” o salvou. Por mera questão de vizinhança, nada a ver com o fato de o “Duce” ser um torcedor da Lazio, começou a bater bola nas categorias de base da “Águia” na época da detenção de Mauro.

Que nome bordar na camisa?

Alessandra, num rompante, obteve na Justiça o direito de os seus rebentos, além de Romano duas garotas, Caterina e Clarissa, mais velhas, utilizarem apenas aquele da mãe. Romano já foi chamado apenas de Mussolini, na ficha da “Lega Calcio” aparece como Floriani, mas, sangue é sangue, afirma que prefere Mussolini-Floriani ou Floriani-Mussolini.

Aliás, espigado, com 1m86 de altura, e delgado, 78kg de peso, ele detém toda a confiança de Mauro Bianchessi, o seu treinador:

“Versátil, Romano pode atuar como central ou nas laterais. Fluente, sabe sair com a pelota nos pés. E, no ataque, pode anotar tentos de cabeça nos escanteios ou nas bolas paradas.”

Mais: o agora rapaz já demonstra que tem uma personalidade firme e forte. Claro que se recusa a falar sobre o papai, um assunto tabu nas suas conversas.  Claro que evita falar sobre o bisavô”: “Outros tempos…”

E, quanto à mãe, sumariamente a proibiu de dar palpites na sua vida pessoal e na sua carreira como jogador.

Habitualmente falastrona, Alessandra se dobra à imposição do bambino: “Não, eu não comento nada sobre as escolhas dele. Já fez 18 anos e eu não me intrometo na vida de um maior de idade.”

Convenhamos, cá entre nós, muito melhor para Romano…Mussolini.

Silvio  Lancelloti

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