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Cem dias de governo que viraram uma usina de factoides

Pé de chinelo

A Folha de hoje, antecipa o que teremos, quando se completarem os 100 dias que o próprio Jair Bolsonaro estabeleceu como prazo para que aparecessem os resultados de seu governo.

Não seria difícil: afinal, o país estava há dois anos sem um, desde que o senhor Michel Temer faleceu na gravação do “tem de manter isso” com Joesley Batista.

Nem assim.

A impressão generalizada é que, como diz a foloha, o país se tornou uma usina de factóides, que ele podem ser listados com muitas facilidades e ausências.

Bolsonaro antecipou sua volta ao Brasil para, supostamente, entregar-se à negociação da reforma previdenciária.

Corre o risco de fazer desandar a trégua que Rodrigo Maia lhe concedeu.

Afinal, como na tirada de Romário, Bolsonaro calado é um poeta.

Governo Bolsonaro virou usina de factoides

Jair Bolsonaro está perto de completar cem dias de governo sem alcançar metas para o período.

Na saúde, prometeu ampliar a cobertura de cinco vacinas, mas as campanhas de imunização não ocorreram.

Medidas econômicas para facilitar o comércio internacional empacaram por falta de ambiente tributário.

O Itamaraty compromete-se a baixar tarifas do Mercosul. Ainda falta, porém, combinar o jogo com argentinos, paraguaios e uruguaios.

Se falta ao presidente e seus ministros eficiência para essas e outras missões administrativas, eles têm mostrado talento de sobra para fabricar polêmicas baseadas em premissas falsas ou fatos inexistentes.

Quase que semanalmente Bolsonaro e sua equipe elegem um cavalo de batalha sem vínculo com as prioridades do país e dele se ocupam.

Já se lançou suspeita sobre o valor pago pelo Ibama no aluguel de carros. Descobriu-se que o contrato gerou economia e tinha OK do TCU.

Na Educação, o que o ministro Ricardo Vélez produziu de mais expressivo foi uma Lava Jato de estimação, que mira desvios em programas.

Bolsonaro defendeu a iniciativa. Semana passada, Vélez admitiu que não há fato concreto a ser apurado.

O presidente estigmatizou o carnaval no episódio do golden shower.

Dias atrás, negou a história e declarou que não houve ditadura militar. Seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, tirou da manga outro embuste ao contrariar o consenso acadêmico e defender que o nazismo era de esquerda.

Produzir factoides em série desvia a atenção popular dos desafios reais do governo e só cumpre o propósito de escamotear a já demonstrada inépcia do presidente e seus auxiliares para as funções que exercem.

Bolsonaro embarcou para Israel deixando uma desordem, criada por ele próprio, na articulação política.

A economia continua estagnada, a reforma da Previdência faz água, o desemprego sobe, mas a tendência é que se invente mais uma parlapatice diversionista para tirar o foco de tudo isso que está aí.

Fernando Brito

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