O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli chamou o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa de “dissimulado”, em entrevista ao jornal Valor.
Disse que o ex-diretor tem 30 anos de Petrobras e sugere que a corrupção vem de longa data: “E você acha que começa agora?”.
Gabrielli negou que poderia ter evitado esses desvios, em sua gestão, e que inclusive o próprio Costa disse que seguiu estritamente as regras internas.
“Se não tem falha nos procedimentos internos, como é que se descobre a relação entre um doleiro e um fornecedor? Não tem como descobrir”.
Costa, delator da Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras, afirmou que recebia 3% em propina sobre contratos. Esse porcentual é questionado pelo ex-presidente na reportagem, dizendo que “primeiro isso não está provado. E 3% de todos os contratos são R$ 4 bilhões. E onde é que estão esses R$ 4 bilhões”, indaga.
Ainda sobre propina, Gabrielli explicou que “o registro contábil é complicado, porque é difícil separar o que é comissão de corrupção.”
Segundo Gabrielli, “não se pode, a partir do comportamento criminal de algumas pessoas, criminalizar uma empresa do tamanho da Petrobras”.
Questionado sobre a influência do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em questões de investimento em refinarias que hoje estão sob investigação, Gabrielli respondeu que o “conselho forçou um pouco” a decisão num momento de mercado em que o Brasil “estava precisando”, para atender os sinais de aumento do consumo, por volta de 2006, 2007.
Depois, ele diz que o “mercado mudou”, o que justificaria que não havia mais possibilidade de exportar derivados, como era o objetivo das refinarias Premium e a de Pernambuco.
“Hoje, a Petrobras avalia que Premium I e II não precisam mais ser feitas porque o mercado vai ser atendido por Rnest e Comperj. É uma mudança de mercado, mas é assim mesmo”.
Fonte: Luana Pavani