O programa já havia mexido com religiões no ano passado, mas nunca de forma tão escrachada. A cena que certamente irá “causar” revolta no mundo gospel foi o quadro da Galinha Preta Convertidinha, irmã do sucesso da primeira temporada, a Galinha Preta Pintadinha.
Nesse quadro, criancinhas supostamente evangélicas estão assistindo à TV quando começa um comercial sobre o boneco da Convertidinha, agora à venda. Um pastor é representado como um pastor alemão usando terno.
“Ir pro inferno é fogo/ A Verdade é Universal/ Cuidado com a Hora/ do Juízo Final”, diz o jingle do “comercial” infantil. “Ela vai cantar bem alto no seu ouvido”, continua o quadro sarcástico, enquanto as crianças imploram: “Ah, compra mãããe!!”
O segundo episódio da nova temporada de “Tá no Ar”, na última quinta-feira (19), pode ser encarado de várias formas, como um marco divisório por parte da Globo: nunca um programa da emissora debochou tanto de religiões e, especialmente, da figura dos evangélicos e seus pastores.
Antes de qualquer coisa, o programa mostra que a Globo segue um caminho sem volta quando realmente libera o programa de Marcelo Adnet, Marcio Melhem e Mauricio Farias para mexer com qualquer coisa, como nem mesmo no tempo de “TV Pirata”. E isso está longe de ser algo ruim, lembrando sempre que este é um artigo opinativo.
No ano passado a mesma atração já havia ironizado católicos, com um rap, e os próprios umbandistas, provocando algum melindre.
Nesse sentido a Globo dá decididamente um passo à frente da autocensura. E não só em relação à religião. O “Tá no Ar” já tem ridicularizado outros programas e mesmo anunciantes da própria casa.
Ontem, por exemplo, o programa abriu avisando que quem gosta de BBB não precisava se desesperar porque o reality continuava a ser exibido em outro canal.
Em um país em que a corrupção é pornográfica, em que a moral é frouxa ao bel prazer dos interessados e onde as instituições estão em frangalhos, em trocadilho com a galinha, han?, vai soar bem hipócrita querer acusar um programa de humor de ser o causador de todos os males.
Se o cidadão comum não é tratado nem sequer com respeito por um sistema absolutamente indecente, por que simplesmente fazer joça e causar riso poderia ser a origem da devassidão que grassa?
Mas, como este país é por vezes esquisito e muitas vezes hipócrita, o “Tá no Ar” deve causar forte reação. Especialmente se continuar a tripudiar da “sagrada religião”.
Cljornal.
Estamos no mínimo querendo imitar o jornaleco francês que recentemente foi alvo de vingança e causou comoção em grande parte do mundo.
Estamos no mínimo querendo aguçar as divergências religiosas, coma intenção de incutir nas mentes a possibilidade de confrontos religiosos em nosso país.
Estamos no mínimo querendo que a anarquia, a dúvida, a incerta, reine em nosso sistema político, econômico e social para justificar golpes e tomada de poder. Muitos já creditam que o nosso país está à beira de uma guerra civil.
Estamos no mínimo fomentando e criando as condições objetivas para que isso aconteça.
Fonte: B29/cljornal