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Com asas de cera Colbert voa perto do Sol/por Carlos Lima

VÁ SOZINHO

No ser humano existe uma reação natural. Se eximir de culpas. Na maioria das vezes procura desesperadamente encontrar pessoas ou situações onde depositá-las.

Não foi nenhuma novidade a declaração do prefeito Colbert Martins em tentar desconstruir a análise técnica do Secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, com relação a precipitada quebra do isolamento social em Feira de Santana.

Na visão do prefeito o município vem sendo eficiente no controle ao contágio do vírus desde o dia em que surgiu o primeiro caso na Bahia.

Na verdade, mesmo sendo médico, Colbert esquece que a confirmação de qualquer doença se comprova com exames específicos. Os sintomas indicam o caminho a seguir para que o problema de saúde seja identificado e medicado.

Em Feira de Santana, muitas pessoas com prováveis sintomas não passaram pelos exames de identificação do vírus, outras foram aconselhadas a ficarem em casa.

Com a escassez de testes na rede municipal de saúde é evidente que os números não poderiam apresentar uma comprovada realidade dos índices de possíveis contaminações.

A dificuldade científica de se comprovar os prováveis números da pandemia no município, o isolamento era a única possibilidade real de prevenção.   O que aconteceu. Posição acertada.

Não aconteceu como deveria ser.

O prefeito não teve força suficiente para enfrentar a pressão dos empresários e dias depois começou uma flexibilização no isolamento, sem nenhum controle de testagem, hoje o comércio está aberto, com raras exceções.

A única possibilidade a disseminação do vírus foi abandonada de forma irresponsável para a vida dos feirenses e daqueles que aqui residem.

Liberou o “Feiraguai”, ambiente comercial com  mais de um quarteirão coberto e retalhado em ruas estreitas com menos de dois metros de largura, apinhadas de box que comercializam de importado a roupas. A movimentação de pessoas diariamente é um risco de grandes proporções.

O Shopping Center Boulevard e outros de menor porte, inclusive as galerias continuam fechados.

Todas as lojas estão abertas das 9 às 16 horas, com proibição de lojas com mais de 200². O que não é obedecido nem fiscalizado, essas superlojas abrem as portas de acesso dos funcionários para os clientes entrarem. Estão sempre cheias, até fila é formada.

É evidente que o isolamento social acontece em Feira de Santana apenas por pessoas mais conscientes, não por ação do poder público.

Outras ações divulgadas pelo gestor, para não dizer ridículas, são desproporcional ao segundo maior município da Bahia e as reais necessidades do seu povo mais pobre ou atingido pela pandemia de forma mais direta na sua sobrevivência.

Ao afirmar que a ajuda financeira paga pelo governo federal foi a responsável pelo aumento diário de contaminação através das filas da Caixa Econômica é um sonho de Ícaro.

Ainda é muito cedo para dizer que já passamos pela fase aguda pandemia em Feira de Santana. Estamos sim com índices divulgados pela Secretaria de Saúde do Município, ou seja, pelo prefeito, que aparentemente nos deixa em uma posição privilegiada ante outros municípios da federação.

Entretanto, não podemos construir o galinheiro se o pinto ainda não foi chocado.

Carlos Lima

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