Negar o avanço do coronavírus em Feira de Santana é uma frivolidade que beira a insanidade mental.
A administração municipal que deveria ombrear suas ações com o governo do Estado, renúncia essa possibilidade e dificultar as soluções para um combate mais eficiente contra a disseminação do Covid-19.
O governador do Estado tem o dever de analisar a expansão da pandemia em todos os municípios, e em conjunto com os prefeitos encontrar as soluções mais viáveis.
Em Feira de Santana o gestor que é adversário político do governo estadual, tornou-se adversário do eu próprio povo, pela recusa ao diálogo.
Não acredito que o prefeito de Feira de Santana esteja de alguma forma, apoiando as seguintes afirmativas do presidente Jair Bolsonaro:
”não me responsabilizo pelas mortes do Covid-19”, “”a conta” deve ser direcionada para os governadores e prefeitos que adotaram medidas de restrição”.
“Não adianta a imprensa querer colocar na minha conta essas questões que não cabem a mim”, destacou. “O Supremo (Tribunal Federal) decidiu que quem decide essas questões (sobre restrição) são governadores e prefeitos”, disse.
E quem afirmou que o Covid-19 era uma gripezinha?
Quem continua incentivando a abertura do comércio e manifestações?
O prefeito Colbert Martins, por certo, partilha das seguintes afirmativas do presidente Bolsonaro:
“Eu não sou coveiro, tá certo?” (20/4)
“‘Não tem que se acovardar com esse vírus na frente” (18/4)
“Os Estados estão quebrados. Falta humildade para essas pessoas que estão bloqueando tudo de forma radical.” (19/4)
“Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora essa questão do vírus” (12/4)
“Ninguém vai tolher meu direito de ir e vir” (10/4)
“Esse tratamento (com hidroxicloroquina), que começou aqui no Brasil, tem que ser feito, segundo as pessoas que a gente tem conversado, até o quarto ou quinto dia dos primeiros sintomas” (8/4)
“Há 40 dias venho falando do uso da hidroxicloroquina no tratamento do covid-19. Cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz” (8/4)
“Se o vírus pegar em mim, não vou sentir quase nada. Fui atleta e levei facada” (30/3)
“O vírus tá aí, vamos ter de enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, pô, não como moleque” (29/3)
“Alguns vão morrer? Vão, ué, lamento. É a vida. Você não pode parar uma fábrica de automóveis porque há mortes nas estradas todos os anos”. (27/3)
“Não estou acreditando nesses números de São Paulo, até pelas medidas que ele (o governador João Doria) tomou” (27/3)
“Sabe quando esse remédio (hidroxicloroquina) começou a ser produzido no Brasil? Ele começou a ser usado no Brasil quando eu nasci, em 1955. Medicado corretamente, não tem efeito colateral” (26/3)
“O povo foi enganado esse tempo todo sobre o vírus” (26/3)
“O pânico é uma doença e isso foi massificado quase que no mundo todo e no Brasil não foi diferente” (26/3)
“O brasileiro tem de ser estudado, não pega nada. O cara pula em esgoto, sai, mergulha e não acontece nada.” (26/3)
“São raros os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos” (24/3)
“Não podemos nos comparar com a Itália. (…) Esse clima não pode vir para cá porque causa certa agonia e um estado de preocupação enorme. Uma pessoa estressada perde imunidade” (22/3)
“De forma alguma usarei do momento para fazer demagogia” (21/3)
“Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, tá ok?” (20/3)
“Tem certos governadores que estão tomando medidas extremas. Tem um governo de Estado que só faltou declarar independência do mesmo” (20/3
“Não se surpreenda se você me ver (sic) no metrô lotado em São Paulo, numa barcaça no Rio. É um risco que um chefe de Estado deve correr. Tenho muito orgulho disso” (18/3)
“O que está errado é a histeria, como se fosse o fim do mundo. Uma nação como o Brasil só estará livre quando certo número de pessoas for infectado e criar anticorpos” (17/3)
“Tem locais, alguns países que já tem saques acontecendo. Isso pode vir para o Brasil. Pode ter um aproveitamento político em cima disso” (17/3)
“Eu não vou viver preso no Palácio da Alvorada com problemas grandes para serem resolvidos no Brasil” (16/3)
“Muito do que falam é fantasia, isso não é crise” (10/3)
Essa é nossa triste realidade sobre políticas públicas no combate à pandemia.
O município feirense vive com falta de transparência na aplicação dos recursos recebidos.
Com ausência de informações sobre os procedimentos de testagem e suas quantidades.
Com ausência de informações sobre mapeamento dos casos positivos de Covid-19 em todo o município.
Com a obscuridade das ações na aplicação dos recursos no hospital Mater Dei e as incertezas sobre o eu funcionamento.
Com números de infectados que não correspondem a realizada.
Enfim, o agravamento da pandemia em Feira de Santana caminha para uma situação insustentável do ponto de vista do controle e atendimento hospitalar.
Desejo que o fato não se torne realidade, mas diante das ações o desastre é eminente.
Carlos Lima