Vou iniciar o programa de hoje declamando o soneto de Augusto dos Anjos, intitulado Versos Íntimos, que pode ser encontrado no seu único livro “EU”.
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Pois bem…
– Dito isso, reconhecemos que a traição é, com certeza, um dos maiores dramas sentimentais da humanidade. Não é à toa que muitas vezes recai sobre seus ombros a culpa de crimes passionais.
É ela também a fonte de inspiração de uma infinidade de poemas sofridos e de músicas no melhor estilo, conhecida como “dor de cotovelo”. E nos dias atuais chamada de sofrência.
A infidelidade, definitivamente, faz parte da vida de homens e mulheres que habitam esse planeta, sem distinção de classe social, cor ou credo.
Mesmo sendo a deflagradora de sentimentos e emoções tão desagradáveis, muita gente consegue fazer do limão uma limonada, e ainda engoli-la com muito gelo e açúcar.
Outros não possuem o açúcar…
Lidar com a traição não é uma tarefa fácil.
Além de doer muito, ela também nos obriga a tomar certas decisões que nem de longe faziam parte dos nossos planos.
Mas a vida é assim.
E pode-se dizer, se é que consola, que a traição é uma das rasteiras mais corriqueiras que costumamos levar.
No entanto, quase todo mundo ao se deparar com tal situação, tem uma sensação indescritível de raiva misturada com revolta.
Em alguns casos o ódio é incontrolável…
As traições amorosas e políticas têm a mesma intensidade.
O perdão, quando acontece é bem diferente.
Na política o perdão se sobressai apenas pelos interesses de poder.
Nas relações amorosas na maioria das vezes pela dependência, seja financeira ou provocada pelos filhos.
Em nenhuma delas jamais haverá o esquecimento. De ambas as partes. De quem traiu e de quem foi traído…
Politicamente estamos vivenciando uma avalanche de pequenas traições com as delações premiadas.
E com certeza até o último momento ainda veremos políticos que se beneficiarão com o crime praticado.
O barco deles fez água, resta abandonar a nau.
E todos nós sabemos que, quando um navio está afundando os ratos são os últimos abandonarem a fonte de alimento…
E, esse momento está acontecendo com o barco do capitão usurpador.
As respostas sempre serão dadas, nunca vimos um traidor triunfar por muito tempo, ele sempre será um traidor. Um falso amigo e um ser humano desprezível.
cljornal
