A declaração do presidente da Associação Comercial de Feira de Santana, Marcelo Alexandrino, sobre a decisão do governador Rui Costa em ampliar o lockdown até às 5 horas de quarta-feira (3) foi surreal.
“Fechar o comércio é uma decisão desastrosa.”
Podemos até entender se considerarmos a visão capitalista/imediatista de gerar lucros a cima de qualquer interesse humanitário.
A posição mercantilista de exploração da classe trabalhadora se avoluma nesses momentos onde a condição de sobrevivência se fragiliza diante dos interesses do capital e da contínua exploração da força de trabalho.
Relatórios técnicos/epidemiológicos de inúmeros órgãos internacionais confirmam que a eficácia do isolamento na redução de infecções sugere que o lockdown abre caminho para uma recuperação econômica mais rápida se for possível conter a epidemia.
Mitigar os riscos à saúde parece ser uma pré-condição para ter uma economia forte e sustentável, informou a OMS, o FMI e outros órgãos em seus relatórios.
Em Feira de Santana o início da pandemia foi ‘ameno’ em virtude das ações adotadas pelo governo do estado, principalmente quando suspendeu o transporte intermunicipal e enrijeceu a fiscalização no interestadual.
Por ser um dos maiores entroncamento rodoviário do país, o município possui a condição de se tornar um forte vetor de transmissão do vírus.
O rígido controle dos transportes conseguiu impedir uma disseminação mortal da pandemia em toda micro e macrorregião.
Já o presidente da Associação Comercial de Feira de Santana demonstrou desconhecer que os países que adotaram isolamento social rigoroso e de curto prazo estão sofrendo menos os efeitos da crise econômica global.
Quem afirma, em relatório conclusivo, é o “World Economic Outlook”, divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
O estudo apontou que o lockdown e o distanciamento social reduziram a movimentação de pessoas nos primeiros três meses de pandemia em cada país e destacou a necessidade de investimento dos governos em ações com testagem em massa e cuidados com os mais vulneráveis, além de acelerar pesquisas e estudos sobre a fabricação de vacinas.
Feira de Santana parece seguir, com viseira, o que prega o presidente Jair Bolsonaro. Comércio aberto, não usar máscara, vacina transforma seres humanos em jacaré. Ele não é coveiro.
Só está faltando o empresariado dizer que transformarão seus comércios em funerária e fábrica de caixão, o que importa é o lucro, se para ganhar dinheiro o trabalhador tiver que morrer que morra.
O presidente da Associação Comercial declarou que vai solicitar estudo de dados da própria Secretaria de Saúde do Estado provando que o lockdown não é a solução para reduzir a contaminação. Deve está delirando, está com a febre do dinheiro.
Tenho uma solução melhor, a Associação Comercial reúna a classe empresarial e industrial de Feira de Santana, compre vacina, faça doação a prefeitura para que o povo feirense seja vacinado com a maior brevidade possível.
No entanto o dinheiro não pode deixar de afagar suas mentes corrompidas pela desumanidade e falta de respeito para com a vida daqueles que são explorados por eles.
Um passo para trás com certeza vai impulsionar dois passos para frente.
Carlos Lima