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“BALA DE PRATA” DE VEJA FOI APENAS UM TIRO DE ESPOLETA QUE FALHOU

Se alguém comprou ações da Petrobras, na última sexta-feira, apostando que a denúncia de Veja deste fim de semana iria abalar os alicerces da República e varrer de vez o Partido dos Trabalhadores da face da Terra (leia mais em “Rumor de bomba na Veja faz Petrobras disparar”), é melhor se preparar para outro cenário.

 

Anunciada como o “núcleo atômico da delação”, a reportagem de Veja deste fim de semana não tem força para alterar o quadro eleitoral.

 

O texto, ilustrado com as imagens Antonio Palocci, Dilma Rousseff e um Luiz Inácio Lula da Silva desesperado, não será a bala de prata das eleições presidenciais de 2014. Está mais para tiro de espoleta.

 

Veja alega ter tido acesso a mais um trecho da delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da área de Abastecimento da Petrobras.

 

Nele, Costa diria ter sido procurado por Palocci, em busca de sua ajuda para arrecadar R$ 2 milhões para a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010.

 

No mais, apenas conjecturas. “Quando as autoridades quiseram saber se o dinheiro chegou ao caixa de campanha de Dilma em 2010, Paulo Roberto limitou-se a dizer que acionou o doleiro Youssef para providenciar a ajuda. O ex-diretor disse aos investigadores que não poderia dar certeza de que Youssef repassou o dinheiro pedido pela campanha de Dilma, mas que aparentemente isso ocorreu, pois Antonio Palocci não voltou a procurá-lo”, diz um trecho.

 

Logo em seguida, a dúvida do “aparentemente” se reforça. “Mesmo que em seu depoimento o ex-diretor não chegue a confirmar se os 2 milhões pedidos foram de fato repassados à campanha presidencial de Dilma Rousseff, a revelação que ele fez às autoridades é de alta gravidade.

 

Independentemente de o dinheiro ter sido repassado ou não.” De acordo com Veja, caberá, agora, ao doleiro Alberto Yousseff confirmar as denúncias feitas por Paulo Roberto Costa.

 

Ainda que tudo o que foi dito pelo ex-diretor da Petrobras tenha realmente acontecido, uma denúncia desse tipo, a uma semana das eleições presidenciais, revela mais o desejo de Veja de influir no processo eleitoral do que propriamente a busca por uma investigação consistente.

 

Em todo caso, não há o envolvimento direto da presidente Dilma Rousseff. E delações premiadas podem também ser usadas por criminosos para atenuar suas penas entregando alvos maiores.

 

Nos processos sérios de delação, acusações, em geral, só têm validade quando acompanhadas de comprovação factual – o que, no caso Palocci, não foi colocado pela reportagem de Veja, pontuada por seus “aparentemente” e “independentemente de o dinheiro ter sido repassado ou não”.

 

Além disso, com livre trânsito entre os empresários, Palocci não precisaria de Paulo Roberto Costa para pedir doações a empreiteiras como Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e outras. Por sinal, de acordo com o PT, as doações de empreiteiras em 2010 foram registradas.

 

No entanto, mesmo que não mude o rumo das eleições, a denúncia de Veja fará sim algum barulho, numa toada já anunciada, nesta manhã, por Reinaldo Azevedo, em seu blog.

 

“Paulo Roberto Costa revela: Palocci pediu dinheiro da quadrilha que operava na Petrobras para a campanha de Dilma”, diz o título do seu post, que tenta dar a linha de combate.

 

Veja tentou mais uma vez, mas ainda não matou a presidente Dilma Rousseff.                 

Fonte: Brasil 247/Redação

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