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China e Índia não aprovam resolução da ONU que condena a Rússia por guerra

Assembleia Geral da ONU

A Assembleia-Geral da ONU aprovou nesta quarta-feira (2) uma resolução que condena a Rússia pela guerra contra a Ucrânia. Foram 141 votos a favor, 35 abstenções e cinco contrários.

A reunião aconteceu sob pressão dos EUA e dos países membros da OTAN e foi realizada de forma emergencial devido à guerra. Para aprovação da medida eram necessários 128 votos entre os 193 países que compõem o colegiado.

O Brasil votou a favor da proposta. Durante a reunião, o embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Costa Filho, pediu “engajamento” de “todos os atores” para um acordo diplomático.

“A paz exige a retirada de tropas e um trabalho amplo das partes. A resolução não pode ser entendida como algo que permita a aplicação indiscriminada de sanções”, disse.

Entre os países que se abstiveram se destaca a China, que mantém uma relação próxima com a Rússia.

“A China tenta manter uma posição neutra que reflita a fórmula ‘nem sempre juntos, mas nunca um contra o outro’.

Mas, na prática, manter o equilíbrio em um conflito tão sério entre a Rússia e o Ocidente não pode ser considerada uma tarefa fácil”, afirmou Anna Kireeva, professora de Estudos Orientais e pesquisadora do Centro de Estudos Chineses Integrados e de Relações Internacionais.

Aliados russos na América Latina, Cuba e Nicarágua também se abstiveram, enquanto a Venezuela não votou. A Índia e o Paquistão, duas potências nucleares, também preferiram a abstenção, assim como a África do Sul, outra integrante dos BRICs.

Do ponto de vista do tamanho da população que representam, a Rússia não parece tão isolada. Somados, China, Índia, Rússia, Paquistão, Irã, Bangladesh, Vietnã e África do Sul possuem 3,5 bilhões de habitantes — quase a metade da população global.

O professor de geopolítica Ronaldo Carmona ressalta que não é correto dizer que a Rússia está isolada da comunidade internacional.

“Ela está isolada em relação à Otan, G7 [grupo dos países mais industrializados do mundo]. Mas Vladimir Putin esteve em Pequim, na abertura do Jogos de Inverno, e assinou declaração com a China que estabeleceu aliança tática”, ressaltou o professor.

Na avaliação do professor, a guerra está perto do fim ‘do ponto de vista militar’.

“A gente pode dizer que há uma batalha em três frentes principais: militar, diplomática e econômica. Me parece que a nova rodada de negociação de hoje é só mais uma etapa, mas não devem chegar a um termo, porque o impasse do campo militar continua, embora caminhe para solução bastante rápida por causa das conquistas russas do ponto de vista militar”, diz.

RPP

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