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Crise de Cidadania

O mundo que hoje conhecemos passou por muitas transformações até chegar ao ponto atual. Em toda a literatura, dos primórdios, até os dias atuais, notam-se profundas mudanças as quais procuram dotar as civilizações de um norteamento mais próximo do ideal. Embora tal desejo se mostre utópico, as diversas camadas da humanidade envolvidas nesse contínuo processo de aprimoramento procuram premiar o ser humano com o que lhes seja mais condizente.

Aos gestores compete indicar os caminhos a seguir, através de projetos, que após acuradas discussões envolvendo a sociedade como um todo, são igualmente discutidos nos plenários dos parlamentos, e, aprovados, após a devida sanção ou promulgação, seriam colocados em prática. Nunca em todo o tempo se aprovou tantos projetos, porém, aparentemente fáceis, na prática, tornam-se inóquos, seja pela inaptidão dos gestores, seja pela ausência de boa vontade política. O mal comportamento dos governantes só é punido quando o povo acorda e responde no voto, não elegendo ou reelegendo quando promessas de eleição não são levadas em conta, configurando, desta forma, quebra de compromisso. Para corroborar tudo isso, um senador que há pouco tempo foi obrigado a renunciar a presidência do Senado, por denúncias de falcatruas, volta à baila, e é eleito outra vez, embora o fato gerador da renúncia ainda não tenha sido julgado pelo STF, tendo o Procurador Geral da República apresentado denúncia contra o mesmo.

Há, e afirmo com sobejo conhecimento, um descaso que salta aos olhos dos menos inteligentes. As coisas no Brasil só andam quando há interesse político. Parece que ainda vivemos nos tempos das Capitanias. A justiça em seus diversos foros mostra-se incapaz de punir culpados, graças às válvulas de escape existentes nas leis, especialmente quanto ao Código Penal, estupidamente ultrapassado. Não se entende como alguém, a quem é dado o direito de votar, possa ser imputável. Nos dias que correm a inversão de valores é coisa corriqueira.Quando já vimos alguém, que perdendo um de seus familiares, vítima da violência que grassa “brasis” afora, recebeu a visita da Comissão de Direitos Humanos, dando-lhe conforto? Porém, quando um desses malfeitores são custodiados ou presos denunciam suposto mal trato, imediatamente vem à mídia algum dos seus, pedindo explicações, demissões, punições, ou coisa que o valha! Na gestão das coisas públicas a coisa é tão degradante, que um Metrô, há 20 anos é ansiosamente esperado pela população de Salvador, e parcialmente pronto, aguarda decisões para ser colocado à disposição do público que, com os seus impostos já efetuou com sobras, o pagamento de toda a obra; sabe-se.agora, que o governo estadual tomou a decisão de viabilizar a sua circulação, embora parcialmente, graças à realização de alguns jogos da Copa das Confederações/2013.

E quando se fala no comportamento do ser humano no dia a dia, a coisa então se complica. A carência de cidadania é tamanha que, quando alguém age com honestidade devolvendo algo que encontrou por acaso, a festa da mídia é fenomenal como que se apropriar de algo alheio seja normal. Os direitos adquiridos nem sempre são obedecidos. Por exemplo, vê-se nas filas dos supermercados ou no transporte coletivo, idosos, deficientes, grávidas ou parturientes, tendo as suas prioridades postergadas. No trânsito o procedimento dos condutores é uma lástima. Uns ultrapassam pela direita, avançam sinais, ou abusam da velocidade, etc indiferentes ao que lhes pode ocorrer, colocando, portanto, em risco, a sua vida e as de outrem. E quando acontece algo mais sério, via de regra as discussões chegam a disparates tais, que levam os envolvidos a embates físicos e mortes. A quem caberia disciplinar tudo isso? Vive-se como no tempo das Cavernas. Que bom seria entendermos que, quando tomamos a iniciativa de viver em sociedade, construímos um grande condomínio, obrigando-nos a um comportamento igualitário. O meu direito termina exatamente quando começa o do meu visinho. Porém, poucos entendem dessa forma.

Os tribunais andam superlotados de processos nas suas mais diversas variantes, porque não se pratica o bom senso, a cidadania… Avolumam-se denúncias, questões e querelas muitas vezes fúteis, enchendo as prateleiras da justiça. Processos que têm mais de 20, 30, 40 anos de abertos sequer foram instruídos. E as sentenças quando serão prolatadas? Cadê a prisão dos condenados no escândalo do mensalão ? Ninguém se aventura a profetizar se isso vai ocorrer, e quando! Quando alguém coloca dúvida quanto a isso, geralmente ficamos na expectativa, pois tal absurdo não está longe de acontecer. O STF teve atuação exemplar, porém as pressões políticas são indiscutíveis, todos sabem disso !

A crise de cidadania se avoluma de tal forma que hoje em dia o errado é o correto e vice-versa; esse é um fato que ninguém pode negar, e se mostra presente em todas as áreas. É como diz um famoso âncora da TV: Isso é uma vergonha!!!

Fonte: Por Avido Medeiros

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