Tempo - Tutiempo.net

Judeus repudiam analogia de Araújo dos campos de concentração nazistas com quarentena

Araujo faz analogia estúpida

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e o Comitê Judaico Americano (AJC), dos EUA, repudiaram nesta quarta-feira a comparação feita pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, entre o isolamento social por conta da pandemia do coronavírus e os campos de concentração nazistas.

“Não há comparação possível entre uma medida sanitária, adotada em todo o mundo para combater uma pandemia, a uma ação persecutória e racista contra uma minoria inocente, que culminou com o extermínio de 6 milhões de judeus na Europa. Esperamos uma retratação imediata”, disse a Conib em nota.

A AJC, por sua vez, também exigiu um pedido de desculpas e afirmou que “essa analogia usada por Ernesto Araújo é profundamente ofensiva e totalmente inapropriada”.

O chanceler brasileiro comparou a quarentena contra a pandemia de covid-19 no mundo com os campos de extermínio da Alemanha nazista em um texto publicado em seu blog pessoal na última quarta-feira (22/04).

Chanceler brasileiro comparou o isolamento social para enfrentar a pandemia com os campos de extermínio na Alemanha nazista.

Tentando argumentar contra o novo livro do filósofo marxista Slavoj Žižek, Araújo escreveu um artigo em tom paranoico alertando a existência de uma “conspiração comunista” que estaria se aproveitando da pandemia para dominar o mundo.

No texto, o chanceler compara o nazismo ao comunismo e dá a entender que parte dessa chamada “conspiração comunista” consiste em transformar o isolamento social em um campo de concentração.

“Os comunistas não repetirão o erro dos nazistas e desta vez farão o uso correto. Como? Talvez convencendo as pessoas de que é pelo seu próprio bem que elas estarão presas nesse campo de concentração, desprovidas de dignidade e liberdade”, escreve o ministro do governo Bolsonaro.

‘Crítica injusta’

Pelo Twitter, Araújo respondeu às críticas, as quais classificou como “injustas e equivocadas”, mas não se desculpou pelos comentários.

O ministro exaltou Israel e a política externa brasileira do governo Bolsonaro afirmando que defende “uma aproximação [com Israel] no plano político, econômico, tecnológico e também no plano simbólico, que corresponde aos valores ideais profundos do povo brasileiro”.

O chanceler ainda culpou Žižek, dizendo que o filósofo marxista “traz os campos de concentração como referência quando fala da sociedade totalitária que, em sua teoria, pode emergir da pandemia e pela qual ele ‘torce’ – uma visão de mundo infame contra a qual me insurgi em meu texto.

NBC

OUTRAS NOTÍCIAS