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LAVA JATO CERCA O PMDB Henrique Alves é a bola da vez

HENRIQUE ALVES

Na Lava Jato, se aparecer alguém do governo, já se sabe qual a posição do presidente: é que a pessoa deixe a equipe. Portanto, o governo não será atingido diretamente de nenhuma forma, fica preservado”.

A máxima anunciada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, em entrevista à Folha de S. Paulo, será testada hoje em relação ao ministro Henrique Alves, do Turismo, a bola da vez.

Na mesma edição, a Folha publica o despacho do procurador-geral, Rodrigo Janot, afirmando que Alves recebeu recursos do petrolão através das construtoras OAS/Odebrecht.

Padilha já admitiu que a situação “constrange o governo”. Está aí a consequência da nomeação de investigados. O problema da lei da degola anunciada por Padilha é que, tomada ao pé da letra, pode acabar chegando ao próprio Temer, na medida em que a Lava Jato fecha o cerco ao PMDB.

Janot já pediu investigações sobre Jucá, Renan e Sarney por conta das gravações de Sergio Machado.

Neste pedido de inquérito  sobre Henrique Alves, o procurador-geral cita também Geddel Vieira Lima, ministro palaciano da Secretaria de Governo, Moreira Franco, secretário executivo do PPI, o novo programa de concessões em infraestrutura, e o próprio presidente interino, quando fala da doação oficial de R$ 5 milhões que Leo Pinheiro, da OAS, fez ao PMDB, e que teria relação com a concessão do aeroporto de Guarulhos.

A Lava Jato obteve no celular de Pinheiro conversas por mensagens eletrônicas em que Eduardo Cunha reclama do pagamento a Michel sem acerto com outros integrantes do PMDB.

Pinheiro então promete explicação pessoal, mas antecipa que os recursos têm relação com Guarulhos. Ou seja, era outro dinheiro, não talvez o reclamado por Eduardo Cunha.

A Lava Jato é uma estrutura jurídico-política-policial complexa, composta por círculos concêntricos e círculos paralelos.

Em outra frente, que se conecta com o interesse do governo interino em apressar a condenação da presidente Dilma, prosseguem os vazamentos da delação ainda não formalizada da empreiteira Odebrecht, sobre doações ilegais, vulgo caixa dois, na campanha de 2014 e pagamentos de despesas pessoais para Dilma, via agência de João Santana, com tais recursos.

Estas revelações, ainda que não confirmadas quando forem tomados os depoimentos dos delatores, já terão cumprido a finalidade de desestimular votos contra a condenação, que poderiam evitar o afastamento definitivo de Dilma. Hoje, o placar é incerto, diante das hesitações de quatro a cinco senadores em votar pelo impedimento definitivo, causadas pelas gravações de Sergio Machado.

Mas estas denúncias, se comprovadas, atingiriam também Temer. A campanha foi da chapa em que ele figurava como vice, não apenas da titular da chapa. A não ser que decida rasgar a fantasia, decidindo que Temer fez campanha à parte (embora não exista campanha para vice no Brasil), o que ele já solicitou, o TSE terá que impugnar a chapa toda.

Se isso acontecer este ano, teremos nova eleição. Se ficar para o ano que vem, teremos o que o Brasil definitivamente não merece: a eleição indireta de um presidente da República para concluir o mandato, pelos congressistas que mostraram a cara na sessão infame do dia 17 de abril.

TEREZA CRUVINEL

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