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LIBERDADE

Há muitas considerações sobre a liberdade. Também, muitas controvérsias de como a liberdade é exercitada em todo o mundo.

Mas, esse valor humano, buscado por todos com tanta gana e anseio, entre outras tantas considerações pode ser traduzido de formas variadas como:

“Liberdade, ainda que tardia”, escrito na bandeira do Estado de Minas Gerais, indicando o desejo de independência do povo brasileiro ao jugo português;

“Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós” que se fez refrão de samba enredo de escola de samba do Rio de Janeiro;

“Liberdade, que prazer não cumprir um dever”, verso do poema Liberdade de Fernando Pessoa, poeta lusitano;

“A liberdade é a mais cosmopolita de todas as prostitutas”, frase de Danton, revolucionário francês. Enfim, temos a liberdade cantada em prosa e versos ao longo da história da humanidade e, por conta dela, muitos absurdos também são cometidos.

A história da humanidade está baseada, como é sabido, na busca pela liberdade, na luta incessante por ela, em todos os estágios da vida humana, seja no aspecto físico, seja no intelectual.

Os que buscam a liberdade dão o grito de que não querem viver como alienados políticos tendo que aceitar passivamente as “setas e balistas com que a fortuna (o poder) enfurecida nos alveja ou insurgir-nos contra o mal” (trecho do monólogo de Hamlet, de Shakespeare)

No Brasil vivenciamos ditaduras como a de Getúlio Vargas, no Estado Novo e contra o qual muitos civis e militares brasileiros combateram, lutando pela liberdade, com muitos doando a própria vida.

O mesmo aconteceu durante o período de ditadura militar que vigorou de 31 de março de 1964 até a eleição de Tancredo Neves e, com a morte desse, a assumpção de José Sarney no comando do governo.

No período da ditadura militar, também outros brasileiros civis, estudantes, artistas, intelectuais e mesmo militares foram presos, torturados, mortos pelo regime de exceção porque lutavam por um país livre e democrático, com o restabelecimento da liberdade de expressão, da liberdade de locomoção para o povo brasileiro.

E muitos dos militares ainda estão vivos e muitos dos democratas também, convivendo hoje de forma pacífica e inteligente como deve ser a característica humana.

Hoje, nós brasileiros vivemos em plena democracia, elegemos nossos governantes, nem sempre competentes governantes, mas os elegemos correndo os riscos de termos escolhido indivíduos nem sempre éticos, probos como devem ser os gestores da coisa pública.

Se no Brasil de agora temos liberdade de expressão e liberdade democrática, não é compreensível (mesmo na democracia) que não se queira permitir que a jornalista e blogueira cubana Yaone Sanches exponha o seu ponto de vista sobre o seu próprio país, o seu governo, o seu povo.

Será que partidários de grupos políticos brasileiros detêm direitos absolutos sobre a liberdade de outros povos e a cubana não tem o seu próprio direito de expressão?

Não acredito em um mal que Yaone Sanches pode fazer à ilha que pertence aos cubanos e que particularmente nunca desejei sabê-la invadida pelos Estados Unidos da América do Norte por conta do direito de soberania que todo Estado deve ter.

Assim, como nossos compatriotas têm a sua ideologia seja em qual nível for, a cubana Yaone Sanches também tem por conta dessa liberdade que é “a mais cosmopolita de todas as prostitutas”.

Utilizando-me de um outro verso do poema Liberdade, de Pessoa em que lemos: “…e a brisa, essa, de tão naturalmente matinal, como tem tempo não tem pressa” e trazendo para a realidade de todos, quero crer que a blogueira cubana não terá todo o tempo da brisa matinal e, por assim ser, ela luta contra o tempo, contra os homens, contra os poderes que ela considera abusivos, exercitando a sua liberdade na expressão plena da liberdade que ela busca dentro dela e para os seus pares, e da democracia quase que universal, que tem muitos defeitos, mas que ainda os homens não conseguiram criar nada melhor.

Então, que viva a liberdade humana.

Fonte: Cezar Ubaldo

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