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O “timing” do espetáculo

Foto de Arquivo

Ficamos, todos os dias, percorrendo o noticiário, lendo os trechos de delação que possam fazer sentido ou ser acompanhado de provas, até porque – em relação a Dilma e Lula – não aparece uma conta, um depósito, um recibo, nada.

Neste exercício diário, talvez a gente não se dê conta de que a Lava Jato não é uma investigação como outras e que, mais importante que os fatos, em si, tornou-se o ritmo com que ela se desenvolve.

De tempos para cá, isso se acentuou.

A “conversão” de acusados subitamente falantes concentrou-se nos dias anteriores ao depoimento do ex-presidente Lula, preparando um clima em que – da questão central de ter ou não recebido um apartamento da OAS – ficamos às voltas com “falou ou não falou” com sicrano ou beltrano para destruir provas.

Transcorrido o depoimento – e nele seguiu a história de não terem provas que confrontassem a versão do ex-presidente – sem que o massacre tenha sido consumado, surge a história do casal marqueteiros, uma dupla que – de longe, sem conhecê-los – exala a podridão do dinheiro.

Não se pode permitir trégua, descanso, não é possível permitir ao “inimigo” que ele repouse um dia sequer e para isso usam-se instâncias e instituições variadas, revezando-se. E, sobretudo, valendo-se da inversão vigente nestes tempos: acusa-se e o acusado que prove que não é verdade.

A Lava Jato, disse eu, antes, não é uma investigação. É uma novela, bem urdida e tramada, que passa todos os dias na televisão e cujo final está claro e traçado por seus autores.

A única dúvida é se o povo vai aceitar este desfecho.

Fernando Brito

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