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PRESIDENTE DIZ QUE MARINA PRECISA ESTUDAR MELHOR O BNDES

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Luciano Coutinho, rebateu nesta quinta-feira as críticas feitas pela candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, sobre a política de empréstimos do BNDES e disse que ela precisa estudar melhor as atividades do banco.

 

“Eu sugiro que a equipe da Marina estude um pouco mais as atividades do banco para não municiar a candidata com informações erradas”, disse Coutinho a jornalistas após participar de congresso em São Paulo.

 

Segundo Coutinho, o apoio do BNDES para a internacionalização de grandes empresas brasileiras foi concedido a preços de mercado e não houve influência política na destinação dos recursos.

 

No caso das empresas do empresário Eike Batista, algumas das quais estão em recuperação judicial, Coutinho disse que o BNDES não teve nenhum prejuízo com os empréstimos ao grupo de Eike, pois as empresas com problemas foram revendidas a novos controladores bem capitalizados.

 

“Não houve prejuízo para o BNDES”, garantiu Coutinho.

 

Marina tem criticado o que classifica de “uso político” dos bancos públicos no governo da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT.

 

A candidata do PSB chegou a dizer em seu programa eleitoral na TV que o BNDES “deu” 500 bilhões de reais para “meia dúzia de empresários falidos”, argumentando que esses recursos poderiam ser usados em promessas de campanha feitas por ela, como o passe livre no transporte público para estudantes e o ensino em tempo integral. (Reportagem de Aluísio Alves)

 

Assessor da presidência do BNDES, Fabio Kerche também contestou declarações de Marina: ‘ela erra ao dizer que o BNDES empresta para “meia dúzia”. Em 2013, 97% de suas operações foram para micro, pequenas e médias empresas’.

 

Marina e o BNDES

 

O BNDES é um dos principais instrumentos que o governo brasileiro dispõe para implementar sua política econômica.

 

É o governo em exercício que escolhe as áreas prioritárias e as linhas de atuação do banco, que as executa por meio de um rigor técnico garantido por seu capacitado corpo funcional.

 

Para ficarmos em apenas dois exemplos: no governo Fernando Henrique Cardoso, o BNDES teve um papel fundamental nas privatizações e no governo Lula, respondendo à forte crise iniciada em 2008, expandiu o crédito à indústria e à infraestrutura.

 

É, portanto, absolutamente legítimo que o papel do BNDES seja debatido na campanha eleitoral.

 

O próximo presidente terá a responsabilidade de manter ou modificar as prioridades do banco nos próximos anos, decisão que poderá afetar todo o financiamento ao setor produtivo brasileiro.

 

Mas esse necessário debate eleitoral seria mais proveitoso para o país se fosse lastreado por um correto diagnóstico por parte dos candidatos.

 

Como corrigir rumos se não conseguimos entender a atual direção?

 

Esse parece ser o caso da candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva.

 

Em entrevista ao programa “Bom Dia Brasil”, da TV Globo, que foi ao ar nesta quinta-feira (25), a candidata disse que “o que enfraquece os bancos é pegar o dinheiro do BNDES e dar para meia dúzia de empresários falidos, uma parte deles, alguns deles que deram, enfim, um sumiço em bilhões de reais do nosso dinheiro”.

 

O número de imprecisões só dessa frase é impressionante.

 

Em primeiro lugar, o BNDES não “dá” dinheiro a ninguém, ele empresta. Isso significa que o banco recebe de volta, corrigidos por juros, os seus financiamentos.

 

Sua taxa de inadimplência é de 0,07% sobre o total da carteira de crédito, segundo o último balanço, sendo a mais baixa de todo o sistema bancário no Brasil, público e privado.

 

Isso nos leva a outra imprecisão da fala da candidata. A qual “sumiço” de recursos ela se refere se o BNDES recebe o dinheiro de volta e obtém lucros expressivos de suas operações?

 

O lucro do primeiro semestre, de R$ 5,47 bilhões, foi o maior da história do banco.

 

Em relação aos empresários “falidos”, talvez a candidata, em um esforço de transformar em regra a exceção, esteja se referindo ao caso Eike Batista.

 

Se isso for verdade, temos mais uma imprecisão: seja por causa de um eficiente sistema de garantias das operações, seja porque grupos sólidos assumiram algumas empresas, o BNDES não sofreu perdas frente aos problemas enfrentados pelo empresariado.

 

Por fim, nada mais falso do que dizer que o BNDES empresta para “meia dúzia”.

 

No ano passado, o banco fez mais de 1 milhão de operações, sendo que 97% delas para micro, pequenas e médias empresas.

 

Embora o BNDES não tenha a capilaridade dos bancos de varejo, a instituição aumentou seus desembolsos para as pequenas empresas dos cerca de 20% do total liberado da década de 2000 para mais de 30% no ano passado.

 

Se retirássemos as típicas áreas onde os pequenos não atuam (setor público, infraestrutura e comércio exterior), os financiamentos para os menores representariam 50% dos desembolsos do banco.

 

Das cem maiores empresas que atuam no Brasil, 93 mantém relação bancária com o BNDES.

 

Entre as 500 maiores, 480 são clientes do banco. Como sustentar que o BNDES escolhe “meia dúzia” se a instituição apoia quase todas as empresas brasileiras dos mais variados setores de nossa economia?

 

A candidata Marina Silva lembrou recentemente que uma mentira repetida diversas vezes não se transforma em verdade. Essa máxima também vale para o papel que o BNDES vem desempenhando nos últimos anos.                

Fonte: Reuters

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