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Risco de PIB negativo leva à expectativa de decisões mais ousadas do Banco Central

Foto: Divulgação

O impacto do coronavírus está sendo reavaliado diariamente e a constatação é de que a desaceleração das atividades econômicas será bem maior do que se avaliava até a semana passada. A escalada de contaminação finalmente chegou ao Brasil, com seus desdobramentos previsíveis sobre a economia real: restrição da circulação das pessoas, com forte impacto sobre o setor de serviços.

Eventos esportivos, atividades culturais, suspensão de aulas, movimentação em shoppings, menor frequência a restaurantes, enfim, todo tipo de atividade que implique em aglomeração tende a diminuir, afetando toda a cadeia econômica correlacionada.

O fenômeno impacta a atividade econômica em duas frentes: reduz o consumo, porque as pessoas tendem a ficar mais em casa; reduz a produção de bens e serviços, porque atividades serão ou suspensas ou reduzidas.

Nesse cenário, economistas do setor privado e até mesmo alguns do próprio governo, já consideram como provável que a economia brasileira volte para o campo negativo nos próximos meses. Não é certo se o país recairá na chamada recessão técnica, caracterizada quando ocorrem dois trimestres consecutivos de queda do PIB. Mas já se dá como certa a queda abrupta no ritmo da economia.

Com tudo isso considerado, o Banco Central decide na próxima quarta-feira (18) a nova taxa básica de juros, hoje em 4,25%. No dia 3 de março, o Banco Central soltou uma que, na prática, reescrevia a ata da reunião do comitê de política monetária da reunião do dia 5 de fevereiro. Se na ata o Banco Central indicava que o ciclo de redução da taxa de juros estava encerrado, na nota do da 03 a sinalização foi de que ele estava reaberto.

Na segunda-feira (9), o diretor política monetária do Banco Central, Bruno Serra, fez uma apresentação em São Paulo na qual deu dois recados importantes: o Banco Central entraria com força no mercado de câmbio para evitar uma desvalorização descontrolada do real, o que de fato vem ocorrendo durante a semana; reafirmou que ” o estágio atual do ciclo econômico segue recomendando cautela na condução da política monetária”.

Quando o BC divulgou a nota no dia 3, a interpretação entre agentes econômicos foi de que o banco reduziria a taxa de juros entre 0,50 e 0,75 ponto percentual. Ao verem reafirmado o princípio da “cautela” na apresentação do diretor Bruno Serra de segunda-feira muitos entenderam que a redução poderia ser menor, de 0,25 ponto percentual.

A intensidade com que a crise se agrava deve empurrar o Banco Central para decisões mais ousadas. Seja reduzindo mais a taxa de juros, seja adotando medidas para facilitar o crédito, a fim de evitar a asfixia de empresas que estão vendo minguar seu fluxo de caixa.

Tanto na nota do dia 3, quanto na apresentação do diretor Bruno Serra do dia 9, o Banco Central disse que o cenário econômico seria reavaliado até o dia da reunião da semana que vem. É o que está ocorrendo. Até lá ainda faltam cinco longos dias.

João Borges

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