Tempo - Tutiempo.net

As sementes da guerra árabe foram plantadas pelo Ocidente, que finge estar chocado

O governo militar, pró-americano, pero no mucho, lançou hoje um ataque aéreo contra supostas posições do Estado Islâmico na Líbia.

A Líbia, como se sabe, depois da deposição e assassinato de Muammar Gaddafi, é palco de uma guerra tribal crudelíssima.

A Síria, depois de uma guerra civil francamente apoiada pelos americanos – com armas, inclusive – virou outro campo de batalha do Isis.

O Iraque, totalmente dominado e reorganizado ao gosto dos EUA, tem um quarto do território dominado pelos ditos extremistas islâmicos.

Convenhamos, manter exércitos, territórios e domínio territorial em – pelo menos – três países é muito para, simplesmente, um grupo de fanáticos que resolveu proporcionar ao mundo espetáculos de selvageria.

 

Vejam o relato que faz hoje, na Folha, a repórter Patrícia Campos Melo, no Curdistão iraquiano:

“Desde que proclamou seu “califado” em junho, o EI já conquistou um terço do território iraquiano, incluindo Mossul a segunda maior cidade do país, e agora tenta tomar Kirkuk.”

A luta dos curdos contra o EI é desigual. Os cerca de 30 mil extremistas do EI dispõem de alguns dos mais modernos armamentos americanos.

Quando o grupo terrorista tomou cidades como Mossul, o Exército iraquiano fugiu e deixou armas e tanques.

Já os cerca de 150 mil peshmerga, – soldados curdos – têm que se virar com armas ultrapassadas e insuficientes.

“À noite, desce um nevoeiro e fica muito difícil enxergar os militantes do EI que cruzam o rio, porque não temos óculos de visão noturna para todos”, disse o general Barzan Qasab, comandante da base de Gwer, a 15 quilômetros de Mossul.

Lá, eles improvisaram seu próprio tanque “made in Curdistão”: caminhonetes Toyota LandCruiser adaptadas com placas de ferro para montar a metralhadora DShK 1938 (metralhadora soviética da 2a. Guerra, que eles chamam de “Doshka”.

Como é que os “fanáticos” estão armados com equipamento americano?

O Isis, para falar a linguagem cinematográfica americana, são a Al-Qaeda, parte II.

As suas armas e apoio organizacional, tal como ocorreu com Osama Bin Laden no Afeganistão, chegaram dos americanos, diretamente, ou pela Arábia Saudita, onde cortam-se cabeças sem escândalos, se finge condenar o Isis, sunitas como a Casa de Saud.

Observe isso e você vai entender porque os sauditas forçam a queda do preço do petróleo.

O alvo continua sendo o Irã, única potência regional “não-amiga” e, claro, suas alianças com a Rússia e a China.

O mundo, definitivamente, não é para tolos. Ou, talvez, seja mesmo para imbecis.

Fonte: Fernando Brito

OUTRAS NOTÍCIAS