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Assange teria avisado a Casa Branca de ‘risco de tortura e morte’ antes de vazar documentos

© REUTERS / Henry Nicholls

Segundo afirmou a defesa do denunciante, o fundador do WikiLeaks teria contatado há uma década Hillary Clinton, a então secretária de Estado, avisando do perigo da liberação de documentos.

A alegação foi feita no segundo dia da audiência sobre a extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, na Corte de Woolwich, em Londres. Assange está lutando contra ser enviado à força para os Estados Unidos para ser julgado por causa do vazamento, em 2010, de materiais confidenciais relacionados com operações militares dos EUA no Afeganistão e no Iraque.

A equipe de defesa do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse na audiência de extradição de terça-feira (25) em Londres que seu cliente tentou entrar em contato com a Casa Branca para avisar de que documentos não editados estavam prestes a ser liberados na Internet, de acordo com a emissora BBC.

Os advogados de Assange rejeitaram as alegações dos procuradores de que o denunciante colocou “conscientemente” centenas de fontes em todo o mundo em perigo de “tortura e morte” através da publicação de materiais confidenciais contendo nomes ou outros detalhes pessoais.

Argumento da defesa

Os advogados argumentaram em tribunal que Assange telefonou para a Casa Branca e pediu para falar com a então secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, sobre “uma questão de urgência” devido ao receio de que as informações fossem subidas por terceiros que acessassem os documentos vazados.

Mark Summers, membro da equipe de defesa de Assange, disse que o australiano advertiu: “Não entendo porque não estão vendo a urgência disto. A menos que façamos algo, vidas de pessoas serão postas em risco.”

A equipe argumentou que o pedido de extradição deturpa os fatos “de forma arrogante e descarada”.

Simpatizante do fundador do WikiLeaks Julian Assange segurando uma cópia do The WikiLeaks Files
Simpatizante do fundador do WikiLeaks Julian Assange segurando uma cópia do The WikiLeaks Files. Foto: © REUTERS / TOBY MELVILLE

Segundo citado pela BBC, a defesa alega que Assange começou a editar 250 mil documentos vazados em dezembro de 2011, com a ajuda de parceiros da mídia em todo o mundo, juntamente com o governo dos EUA. Os advogados culparam o jornal The Guardian, que publicou um livro em 2011 que continha uma senha para os documentos vazados.

“Esse processo envolveu o governo dos EUA e o Departamento de Estado sugerindo edições para a mídia. Sabendo que o governo americano estava envolvido no processo de edição, poderemos dizer de alguma forma que o pedido é uma representação justa ou precisa do que ocorreu?”, disse Summers, citado pela Sky News.

“[Assange] não precisava publicar as mensagens não editadas”, disse James Lewis, um representante de Washington. “Ele decidiu fazê-lo em um site amplamente seguido e facilmente pesquisável, sabendo que era perigoso fazer isso.”

Acusações a Assange

Julian Assange, natural da Austrália, é procurado pelos norte-americanos para ser extraditado aos EUA para enfrentar acusações de espionagem por vazamento de material confidencial relacionado a operações militares dos EUA no Afeganistão e Iraque em 2010.

Se for levado e condenado nos Estados Unidos, Assange pode enfrentar uma pena de prisão de até 170 anos. A audiência inicial em curso em Londres continuará provavelmente pelo resto desta semana, com uma segunda audiência marcada para maio.

Sputnik

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