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Casal gay terá filhas gêmeas na Tailândia

Ele é brasileiro, casou-se com um alemão nos EUA, mora em Londres e vai ser pai de meninas gêmeas que nascerão na Tailândia. Os bebês são fruto de uma fertilização in vitro que uniu seu sêmen ao óvulo de uma doadora ucraniana, e todo o procedimento foi conduzido por uma clínica da Geórgia. Com uma trajetória tão globalizada como essa, não é à toa que o publicitário Daniel Castro Nascimento, de 32 anos, diz que sua família vai ser “a mais internacional de todas”. Natural de Belo Horizonte, Daniel mora fora do Brasil desde 2005. Homossexual, ele se casou em 2008 com o companheiro, Ole, em San Francisco, e depois se mudou com ele para a Inglaterra. Há cerca de três anos, o casal decidiu que queria ter filhos. Começou aí um longo caminho que deve terminar em breve com o nascimento de Ana e Sofia, marcado para o fim deste mês.

 

“Sempre estivemos abertos a varias opções. Mas o processo de adoção é longo, faz você pensar muito, e vimos que não estávamos prontos para abrir mão da barriga de aluguel”, diz o brasileiro.

Eles então começaram o procedimento na Índia, onde a prática é permitida e muito mais barata do que nos EUA, por exemplo. Mas, faltando um mês para que eles fossem para lá acompanhar a fertilização, o país mudou a lei e restringiu a barriga de aluguel apenas a casais heterossexuais. A clínica, então, sugeriu que eles mudassem os planos para a Tailândia, onde esse comércio não é regulamentado, mas é largamente praticado e tolerado pelo governo. E foi assim que eles chegaram à mulher de 39 anos que hoje carrega Ana e Sofia pela 34ª semana. Natural do norte do país, ela é vendedora ambulante e tem duas filhas – condição fundamental colocada pelo casal, para que “a pessoa não tivesse que abrir mão do primeiro filho que gerou”, explica Daniel.

 

O processo de barriga de aluguel é caro: Daniel calcula que gastou cerca de US$ 100 mil, entre o pagamento da clínica, do hospital e da mãe de aluguel. “Dá para fazer por menos, mas a gente procurou uma clínica idônea, pois já ouvimos falar que tem algumas que abusam das mães. Tem toda uma questão ética envolvida”, diz Daniel. O pagamento para a mulher, de US$ 15 mil mais um extra mensal para a subsistência durante a gravidez, era feito diretamente na conta dela.     

 

Como na primeira tentativa havia sido usado o sêmen de Ole, nessa segunda vez eles optaram pelo material genético do brasileiro. A escolha da doadora ucraniana, uma estudante de 22 anos, teve a ver com a semelhança física dela com Ole, que é caucasiano. “Independentemente de quem doasse o sêmen, queríamos filhos mestiços”, diz Daniel, que é negro. É bem estranho, porque você não conhece a pessoa [a mãe de aluguel] e ao mesmo tempo ela está fazendo a coisa mais importante da sua vida, que é carregar seus filhos”

 

O casal se encontrou com a doadora de óvulos e com a mãe de aluguel em Bangkok, na ocasião em que foi feita a fertilização in vitro – uma situação estranha, admite Daniel. “É bem estranho, porque você não conhece a pessoa e ao mesmo tempo ela está fazendo a coisa mais importante da sua vida, que é carregar seus filhos. Temos muito respeito pelas duas”, diz o brasileiro. Os futuros pais receberam ultrassonografias periodicamente e conversaram com a mãe de aluguel por Skype em algumas ocasiões, para saber como ela se sentia e como os bebês estavam se comportando. Foi assim que souberam que uma das meninas se mexe bastante e a outra é mais quieta. “Já tem uma diferença de personalidade”, diz Daniel.

 

Preocupados em criar um vínculo com as filhas, eles também enviaram para a Tailândia um aparelho com um fone especial para “conversar” com fetos na barriga. Gravaram duas horas de conversas de ambos em português e alemão, para que elas já fossem se familiarizando com as vozes dos pais no útero.

 

Fonte: Redação com Informações do G1/ Foto: Web

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